A Dança Da PsiquĂȘ
A dança dos encéfalos acesos
Começa. A carne é fogo. A alma arde. A espaços
As cabeças, as mãos, os pés e os braços
Tombara, cedendo à ação de ignotos pesos!à então que a vaga dos instintos presos
– MĂŁe de esterilidades e cansaços –
Atira os pensamentos mais devassos
Contra os ossos cranianos indefesos.Subitamente a cerebral coréa
Påra. O cosmos sintético da Idéa
Surge. EmoçÔes extraordinĂĄrias sinto…Arranco do meu crĂąnio as nebulosas.
E acho um feixe de forças prodigiosas
Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!
Sonetos sobre CrĂąnio de Augusto dos Anjos
4 resultadosMinha Finalidade
TurbilhĂŁo teleolĂłgico incoercĂvel,
Que força alguma inibitória acalma,
Levou-me o crĂąnio e pĂŽs-lhe dentro a palma
Dos que amam apreender o InapreensĂvel!Predeterminação imprescriptĂvel
Oriunda da infra-astral SubstĂąncia calma
Plasmou, aparelhou, talhou minha alma
Para cantar de preferĂȘncia o HorrĂvel!Na canonização emocionante,
Da dor humana, sou maior que Dante,
– A ĂĄguia dos latifĂșndios florentinos!Sistematizo, soluçando, o Inferno…
E trago em mim, num sincronismo eterno
A fĂłrmula de todos os destinos!
O Ăltimo NĂșmero
Hora da minha morte. Hirta, ao meu lado,
A idĂ©ia estertorava-se… No fundo
Do meu entendimento moribundo
jazia o Ășltimo nĂșmero cansado.Era de vĂȘ-lo, imĂłvel, resignado,
Tragicamente de si mesmo oriundo,
Fora da sucessĂŁo, estranho ao mundo,
Com o reflexo fĂșnebre do Increado:Bradei: – Que fazes ainda no meu crĂąnio?
E o Ășltimo nĂșmero, atro e subterrĂąneo,
Parecia dizer-me: “Ă tarde, amigo!Pois que a minha ontogĂȘnica Grandeza
Nunca vibrou em tua lĂngua presa,
NĂŁo te abandono mais! Morro contigo!”
Versos A Um Coveiro
Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal Ă©, sem complicados silogismos,
A aritmĂ©tica hedionda dos coveiros!Um, dois, trĂȘs, quatro, cinco… Esoterismos
Da Morte! E eu vejo, em fĂșlgidos letreiros,
Na progressĂŁo dos nĂșmeros inteiros
A gĂȘnese de todos os abismos!Oh! PitĂĄgoras da Ășltima aritmĂ©tica,
Continua a contar na paz ascética
Dos tĂĄbidos carneiros sepulcraisTĂbias, cĂ©rebros, crĂąnios, rĂĄdios e Ășmeros,
Porque, infinita como os prĂłprios nĂșmeros
A tua conta nĂŁo acaba mais!