Siga-se Amor

Ou fosse, Nize, em nĂłs pouca cautela,
Ou que alguém pressentisse o nosso enleio,
Tudo se sabe já; tudo é já cheio,
Qu’algum cuidado há muito nos disvela.

Dizem, qu’eu sou feliz, que tu és bela;
E Ă s vezes com satĂ­rico rodeio,
Um murmura, outro zomba, e sem receio
A fama cada qual nos atropela.

Mas se nunca se tapa a boca Ă  gente,
E se amor sempre activo nos devora,
Porque aquela Ă© mordaz, porque este ardente;

Adoremo-nos pois como até agora:
Siga-se amor; arraste-se a corrente;
E se o mundo falar, que fale embora.