O Sábio não Vai em Grossos Rios

QuĂŁo bem aventurado e quĂŁo ditoso
O sábio é, que parco passa a vida
Medindo, alegre, a entrada co’a saĂ­da
Do Mundo vĂŁo, sem medo do invejoso!

Quem c’o pouco que tem vive gostoso,
Cos desejos nĂŁo tem sĂ´frega lida.
Como subir nĂŁo quer, nunca a caĂ­da
Teme, do vĂŁo Faetonte desejoso.

Se tem sede, nĂŁo vai em grossos rios
Beber, sĂ´frego, a farto nas correntes,
Porque teme cair em seus baixios.

Pequena fonte vai buscar, prudente,
Onde bebe, seguro dos bravios
Enrolados cachões da altiva enchente.