Sonetos sobre Noite de Castro Alves

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Sonetos de noite de Castro Alves. Leia este e outros sonetos de Castro Alves em Poetris.

4A Sombra – FabĂ­ola

Como teu riso dĂłi… como na treva
Os lĂŞmures respondem no infinito:
Tens o aspecto do pássaro maldito,
Que em sânie de cadáveres se ceva!

Filha da noite! A ventania leva
Um soluço de amor pungente, aflito…
FabĂ­ola!… É teu nome!… Escuta Ă© um grito,
Que lacerante para os cĂ©us s’eleva!…

E tu folgas, Bacante dos amores,
E a orgia que a mantilha te arregaça,
Enche a noite de horror, de mais horrores…

É sangue, que referve-te na taça!
É sangue, que borrifa-te estas flores!
E este sangue Ă© meu sangue… Ă© meu… Desgraça!

8A Sombra – Ăšltimo Fantasma

Quem Ă©s tu, quem Ă©s tu, vulto gracioso,
Que te elevas da noite na orvalhada?
Tens a face nas sombras mergulhada…
Sobre as nĂ©voas te libras vaporoso …

Baixas do cĂ©u num vĂ´o harmonioso!…
Quem Ă©s tu, bela e branca desposada?
Da laranjeira em flor a flor nevada
Cerca-te a fronte, Ăł ser misterioso! …

Onde nos vimos nós? És doutra esfera ?
És o ser que eu busquei do sul ao norte. . .
Por quem meu peito em sonhos desespera?

Quem Ă©s tu? Quem Ă©s tu? – És minha sorte!
És talvez o ideal que est’alma espera!
És a glória talvez! Talvez a morte!

1A Sombra – Marieta

Como o gĂŞnio da noite, que desata
O véu de , rendas sobre a espádua nua,
Ela solta os cabelos… Bate a lua
Nas alvas dobras de um lençol de prata

O seio virginal que a mĂŁo recata,
Embalde o prende a mĂŁo… cresce, flu
Sonha a moça ao relento… AlĂ©m na
Preludia um violĂŁo na serenata!…

… Furtivos passos morrem no lajedo…
Resvala a escada do balcĂŁo discreta…
Matam lábios os beijos em segredo…

Afoga-me os suspiros, Marieta!
Oh surpresa! oh palor! oh pranto! oh medo!
Ai! noites de Romeu e Julieta…

5A E 6A Sombras – Cândida E Laura

Como no tanque de um palácio mago,
Dous alvos cisnes na bacia lisa,
Como nas águas que o barqueiro frisa,
Dous nenĂşfares sobre o azul do lago,

Como nas hastes em balouço vago
Dous lĂ­rios roxos que acalenta a brisa,
Como um casal de juritis que pisa
O mesmo ramo no amoroso afago….

Quais dous planetas na cerĂşlea esfera,
Como os primeiros pâmpanos das vinhas,
Como os renovos nos ramais da hera,

Eu vos vejo passar nas noites minhas,
Crianças que trazeis-me a primavera…
Crianças que lembrais-me as andorinhas! …