Nua E Crua
Doire a Poesia a escura realidade
E a mim a encubra! Um visionĂĄrio ardente
Quis vĂȘ-la nua um dia; e, ousadamente,
Do åureo manto despoja a divindade;O estema da perpétua mocidade
Tira-lhe e as galas; e ei-la, de repente,
Inteiramente nua e inteiramente
Crua, como a Verdade! E era a Verdade!Fita-a em seguida, e atĂŽnito recua…
– Ă Musa! exclama entĂŁo, magoado e triste,
Traja de novo a louçainha tua!Veste outra vez as roupas que despiste!
Que olhar se apraz em ver-te assim tĂŁo nua?…
Ă nudez da Verdade quem resiste?!
Sonetos sobre Nus de Raimundo Correia
3 resultadosPrimeiras VigĂlias
Dos revoltos lençóis sobre o deserto
Despejava-se, em ondas silenciosas,
O luar dessas noites vaporosas,
De seu lĂąnguido cĂĄlix todo aberto.Rangia a cama, e deslizavam, perto
Alvas, femĂneas formas ondulosas;
E eu a idear, nas Ăąnsias amorosas,
Uns ombros nus, um colo descoberto.E a gemer: – “Abeirai-vos de meu leito,
Ă sensuais visĂ”es da adolescĂȘncia,
E inflamai-vos na pira em que me inflamo!Fervem paixÔes despertas no meu peito;
Descai a flor virgĂnea da inocĂȘncia,
E irrompe o fruto dolorido… Eu amo!”
Plena Nudez
Eu amo os gregos tipos de escultura:
PagĂŁs nuas no mĂĄrmore entalhadas;
Não essas produçÔes que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.Quero um pleno esplendor, viço e frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: de carne exuberante e pura
Todas as saliĂȘncias destacadas…NĂŁo quero, a VĂȘnus opulenta e bela
De luxuriantes formas, entrevĂȘ-la
De transparente tĂșnica atravĂ©s:Quero vĂȘ-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus… toda nua, da cabeça aos pĂ©s!