Passagens sobre Divindade

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Frases sobre divindade, poemas sobre divindade e outras passagens sobre divindade para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Meus amigos, uma falsa ciência gera ateus, mas a verdadeira ciência leva os homens a se curvar diante da divindade…

Eu Deliro, Gertrúria, eu Desespero

Eu deliro, Gertrúria, eu desespero
No inferno de suspeitas e temores.
Eu da morte as angústias e os horrores
Por mil vezes sem morrer tolero.

Pelo Céu, por teus olhos te assevero
Que ferve esta alma em cândidos amores;
Longe o prazer de ilícitos favores!
Quero o teu coração, mais nada quero.

Ah! não sejas também qual é comigo
A cega divindade, a Sorte dura.
A vária Deusa, que me nega abrigo!

Tudo perdi: mas valha-me a ternura
Amor me valha, e pague-me contigo
Os roubos que me faz a má ventura.

A Crença só se Mantém pela Ritualização

Uma verdade racional é impessoal e os factos que a sustentam ficam estabelecidos para sempre. Sendo, ao contrário, pessoais e baseadas em concepções sentimentais ou místicas, as crenças são submetidas a todos os factores susceptíveis de impressionar a sensibilidade. Deveriam, portanto, ao que parece, modificar-se incessantemente.
As suas partes essenciais mantêm-se, contudo, mas cumpre que sejam constantemente alentadas. Qualquer que seja a sua força no momento do seu triunfo, uma crença que não é continuamente defendida logo se desagrega. A história está repleta de destroços de crenças que, por essa razão, tiveram apenas uma existência efémera. A codificação das crenças em dogmas constitui um elemento de duração que não poderia bastar. A escrita unicamente modera a acção destruidora do tempo.
Uma crença qualquer, religiosa, política, moral ou social mantém-se sobretudo pelo contágio mental e por sugestões repetidas. Imagens, estátuas, relíquias, peregrinações, cerimônias, cantos, música, prédicas, etc., são os elementos necessários desse contágio e dessas sugestões.
Confinado num deserto, privado de qualquer símbolo, o crente mais convicto veria rapidamente a sua fé declinar. Se, entretanto, anacoretas e missionários a conservam, é porque incessantemente relêem os seus livros religiosos e, sobretudo, se sujeitam a uma multidão de ritos e de preces.

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O Poder que Alterna entre o Dinheiro e o Sangue

Um poder só pode ser derrubado por outro poder, e não por um princípio, e nenhum poder capaz de defrontar o dinheiro resta, a não ser este.O dinheiro só é derrubado e abolido pelo sangue. A vida é alfa e ómega, o contínuo fluxo cósmico em forma microcósmica. É o facto de factos no mundo-como-história… Na História é a vida e só a vida – qualidade rácica, o triunfo da vontade-de-poder – e não a vitória de verdades, descobertas ou dinheiro que importa. A história do mundo é o tribunal do mundo, e decidiu sempre a favor da vida mais forte, mais completa e mais confiante em si – decretou-lhe, nomeadamente, o direito de existir, sem querer saber se os seus direitos resistiriam perante um tribunal de consciência despertada. Sacrificou sempre a vontade e a justiça ao poder e à raça e lavrou sentença de morte a homens e povos para os quais a verdade valia, mais do que os feitos e a justiça, mais que a força. E assim o drama de uma alta Cultura – esse maravilhoso mundo de divindades, artes, pensamentos, batalhas e cidades – termina com o regresso dos factos prístinos do eterno sangue que é uma e a mesma coisa que o sempre-envolvente fluxo cósmico…

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Felicidade e Prazer

Devemos estudar os meios de alcançar a felicidade, pois, quando a temos, possuímos tudo e, quando não a temos, fazemos tudo por alcançá-la. Respeita, portanto, e aplica os princípios que continuadamente te inculquei, convencendo-te de que eles são os elementos necessários para bem viver. Pensa primeiro que o deus é um ser imortal e feliz, como o indica a noção comum de divindade, e não lhe atribuas jamais carácter algum oposto à sua imortalidade e à sua beatitude. Habitua-te, em segundo lugar, a pensar que a morte nada é, pois o bem e o mal só existem na sensação. De onde se segue que um conhecimento exacto do facto de a morte nada ser nos permite fruir esta vida mortal, poupando-nos o acréscimo de uma ideia de duração eterna e a pena da imortalidade. Porque não teme a vida quem compreende que não há nada de temível no facto de se não viver mais. É, portanto, tolo quem declara ter medo da morte, não porque seja temível quando chega, mas porque é temível esperar por ela.
É tolice afligirmo-nos com a espera da morte, visto ser ela uma coisa que não faz mal, uma vez chegada. Por conseguinte, o mais pavoroso de todos os males,

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Nua E Crua

Doire a Poesia a escura realidade
E a mim a encubra! Um visionário ardente
Quis vê-la nua um dia; e, ousadamente,
Do áureo manto despoja a divindade;

O estema da perpétua mocidade
Tira-lhe e as galas; e ei-la, de repente,
Inteiramente nua e inteiramente
Crua, como a Verdade! E era a Verdade!

Fita-a em seguida, e atônito recua…
– Ó Musa! exclama então, magoado e triste,
Traja de novo a louçainha tua!

Veste outra vez as roupas que despiste!
Que olhar se apraz em ver-te assim tão nua?…
À nudez da Verdade quem resiste?!

Ante a Paisagem

Eu fujo da Paisagem. Tenho medo.
Os pinheirais são em marfim bordados.
Sou paisagem-cetim num olhar quedo,
Oiro louco sonhando cortinados.

Fujo de mim porque já sou Paisagem.
Procura-me Satã no meu chorar…
Seus passos, o ruído da folhagem.
Cimos de lírios velhos de luar.

As tuas mãos fechadas e desertas,
Janelas pra o jardim, jamais abertas,
Fiam de mármore um correr de rios…

E os teus olhos cansados de saudades.
Eunucos possuindo divindades…
Hora-luar a de teus olhos frios…

Dava a Vida para te Apertar Contra o Meu Peito

Nunca te vira tão linda e sedutora ao mesmo tempo como ontem à noite. Dava a vida para te apertar contra o meu peito. Diz-me, era o amor que eu te inspiro que te fazia assim tão bela? Seria a paixão que me abrasa que te tornava tão atraente a meus olhos? Bem viste: não podia deixar de olhar para ti, nem de beijar a candeiazinha de oiro. Quanto tu saíste tive vontade de me prosternar a teus pés e de te adorar como a uma divindade. Ah! Se tu me quisesses metade do que eu te quero! Deste volta à minha pobre cabeça; repara no mal que me fizeste querendo-me como me queres. Às oito, esperar-te-ei numa ansiedade.

O Terror como Base da Religião

É verdade que tanto o medo como a esperança entram na religião, porque estas duas paixões, em alturas diferentes, agitam a mente humana e cada uma delas forma uma espécie de divindade que lhe é adequada. Mas, quando um homem se sente bem, ele está inclinado para os negócios, para o convívio ou para qualquer espécie de divertimento, e dedica-se naturalmente a essas actividades e não pensa em religião. Quando está melancólico e abatido, tudo o que para fazer é meditar sobre os terrores do mundo invisível, e mergulhar mais profundamente ainda na aflição. Pode realmente acontecer que, após ter assim gravado profundamente as opiniões religiosas no seu pensamento e imaginação, ocorra uma alteração da saúde ou das circunstâncias que restaure o seu bom humor e, ocasionando boas perspectivas de futuro, o faça cair no extremo oposto da alegria e triunfo. Mas, ainda assim deve reconhecer-se que, como o terror é o princípio primordial da religião, é essa a paixão que predomina nela e que só admite pequenos intervalos de prazer.

A falsa ciência cria os ateus, a verdadeira, faz o homem prostrar-se diante da divindade.

Escreve!

Senta-te diante da folha de papel e escreve. Escrever o quê? Não perguntes. Os crentes têm as suas horas de orar, mesmo não estando inclinados para isso. Concentram-se, fazem um esforço de contensão beata e lá conseguem. Esperam a graça e às vezes ela vem. Escrever é orar sem um deus para a oração. Porque o poder da divindade não passa apenas pela crença e é aí apenas uma modalidade de a fazer existir. Ela existe para os que não crêem, como expressão do sagrado sem divindade que a preencha. Como é que outros escrevem em agnosticismo da sensibilidade? Decerto eles o fazem sendo crentes como os crentes pelo acto extremo de o manifestarem. Eles captarão assim o poder da transfiguração e do incognoscível na execução fria do acto em que isso deveria ser. Escreve e não perguntes. Escreve para te doeres disso, de não saberes. E já houve resposta bastante.

Última Deusa

Foram-se os deuses, foram-se, eu verdade;
Mas das deusas alguma existe, alguma
Que tem teu ar, a tua majestade,
Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma.

Ao ver-te com esse andar de divindade,
Como cercada de invisível bruma,
A gente à crença antiga se acostuma
E do Olimpo se lembra com saudade.

De lá trouxeste o olhar sereno e garço,
O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,
Rútilo rola o teu cabelo esparto…

Pisas alheia terra… Essa tristeza
Que possuis é de estátua que ora extinto
Sente o culto da forma e da beleza.

O homem, em sua arrogância, pensa de si mesmo como uma grande obra, merecedora da intervenção de uma divindade.

Só nos Pertence o Gesto que Fizemos

Só nos pertence o gesto que fizemos
não o fazê-lo como, iludida,
a divindade que em nós já trouxemos
supõe errada (e não) por convencida.

Porque o traçado nosso em breve cessa,
para que outro o recomece e não progrida;
que um gesto em ser gesto real se meça,
não está em nós fazê-lo, mas na Vida.

Assim o nada a sagra quando finda
porque o que é, só é o não ainda.

O Sentido da Vida Está em Cada um de Nós

‘Vejamos, que vem a ser isto que me perturba?’, perguntou Levine a si próprio, sentindo, no fundo da sua alma, a solução para as suas dúvidas, embora ainda não soubesse qual fosse. ‘Sim, a única manifestação evidente e indiscutível da divindade está nas leis do bem, expostas ao mundo pela revelação que sinto dentro de mim e me identifica, quer queira quer não, com todos aqueles que como eu as reconhecem. É esta congregação de criaturas humanas comungando na mesma crença que se chama Igreja. Mas o judeus, os muçulmanos, os budistas, os confuccionistas?’, disse para si mesmo, repisando o ponto delicado. ‘Estarão eles entre milhões de homens privados do maior de todos os benefícios, do único que dá sentido à vida?… Ora vejamos’, continuou, após alguns instantes de reflexão, ‘qual é o problema que eu a mim mesmo estou a pôr? O das relações das diversas crenças da humanidade com a Divindade? É a revelação de Deus no Universo, com os seus astros e as suas nebulosas, que eu pretendo sondar. E é no momento em que me é revelado um saber certo inacessível à razão que eu me obstino em recorrer à lógica!

‘Eu bem sei que as estrelas não caminham’,

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As Restrições dos Guardiões Morais

Parece-me a mim que o pressuposto em que se baseiam as acções restritivas dos nossos guardiões morais é simplesmente o de que o acesso à literatura proibida nos pode levar a comportar-se como animais. Mas pensar assim é insultar o reino animal. E, ao mesmo tempo, transformar paixão, o maior atributo do homem, numa caricatura. A gama da paixão humana é quase ilimitada, atingindo alturas e profundidades impensáveis. Precisamente por abarcar tais extremos é a paixão a autêntica pedra de toque da nossa humanidade, e talvez também da nossa divindade. De todas as criaturas da terra, o homem é a única de comportamento imprevisível. Há em nós alguma coisa de toda a criação. Quando nos é negada a menor parcela de liberdade, ficamos espiritualmente limitados e mutilados. É a plena consciência da nossa natureza múltipla e a integração da miríade de elementos de que somos compostos que nos faz completos, que nos faz humanos. A religião faz de nós santos, ou apenas bons cidadãos, mas o que faz de nós homens, o que nos faz humanos até ao âmago, é a liberdade. É uma palavra terrível, a liberdade, para aqueles que viveram toda a vida mentalmente algemados.

Deus, Infinito Ser

Deus, Infinito ser, nunca criado,
Sem princípio, nem fim, na Majestade
Que no trono da Eterna Divindade
Tens o Mundo num dedo dependurado:

Tu estavas em Ti, não foste nado,
O teu Ser era a tua Imensidade,
Tu tiveste por berço a Eternidade,
Tu, sem tempo, em Ti mesmo eras gerado!

Tu és um fogo que arde sem matéria,
Tu és perpétua luz, que não desmaia
Fulgindo, sem cessar, na sala etérea!

Tu és um mar de amor, que não tem praia,
Trovão assustador da esfera aérea,
Rei dum Reino Imortal, que não tem raia!…