Sonetos sobre Pedras de Laurindo Rabelo

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Sonetos de pedras de Laurindo Rabelo. Leia este e outros sonetos de Laurindo Rabelo em Poetris.

Soneto IV – A Uma Senhora

Dos meus lares, dos meus que choro ausente,
Me vieste acordar saudade Ă­mpia,
Tu, amada do Anjo d’Harmonia,
Que te fazes ouvir tĂŁo docemente.

Do piano o teclado obediente
Ao teu tocar encheu-se de magia,
E lá dos mortos na soidão sombria
Operou-se um milagre de repente.

A morte sobre a fouce, entristecida,
Amarguradas lágrimas verteu,
Talvez do fero ofĂ­cio arrependida!

Bellini do sepulcro a pedra ergueu;
E, cheio de alegria desmedida,
C’um sorriso de glĂłria um — bravo — deu.

Soneto VII – Ă€ Mesma Senhora

AlcĂ­one, perdido o esposo amado,
Ao céu o esposo sem cessar pedia;
Porém as ternas preces surdo ouvia
O céu, de seus amores descuidado.

Em vĂŁo o pranto seu d’alma arrancado
Tenta a pedra minar da campa fria;
A morte de seu pranto escarnecia,
De seu cruel penar se ria o fado.

Mas ah! — não fora assim, se a voz tivera
TĂŁo bela, tĂŁo gentil, tĂŁo doce e clara,
Daquela que hoje neste palco impera.

Se assim cantasse, o tĂşmulo abalara
Do bem querido; e, branda a morte fera,
Vivo o extinto esposo lhe entregara.