Sonetos sobre Quimera de Manuel Maria Barbosa du Bocage

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Sonetos de quimera de Manuel Maria Barbosa du Bocage. Leia este e outros sonetos de Manuel Maria Barbosa du Bocage em Poetris.

Vós, Crédulos Mortais, Alucinados

Vós, crédulos mortais, alucinados
de sonhos, de quimeras, de aparĂȘncias
colheis por uso erradas consequĂȘncias
dos acontecimentos desastrados.

Se à perdição correis precipitados
por cegas, por fogosas, impaciĂȘncias,
indo a cair, gritais que sĂŁo violĂȘncias
de inexoråveis céus, de negros fados.

Se um celeste poder tirano e duro
Ă s vezes extorquisse as liberdades,
que prestava, Ăł RazĂŁo, teu lume puro?

Não forçam coraçÔes as divindades,
fado amigo nĂŁo hĂĄ nem fado escuro:
fados são as paixÔes, são as vontades.

Apenas Vi Do Dia A Luz Brilhante

Apenas vi do dia a luz brilhante
LĂĄ de TĂșbal no empĂłrio celebrado,
Em sanguĂ­neo carĂĄcter foi marcado
Pelos Destinos meu primeiro instante.

Aos dois lustros a morte devorante
Me roubou, terna mĂŁe, teu doce agrado;
Segui Marte depois, e em fim meu fado
Dos irmĂŁos e do pai me pĂŽs distante.

Vagando a curva terra, o mar profundo,
Longe da pĂĄtria, longe da ventura,
Minhas faces com lĂĄgrimas inundo.

E enquanto insana multidĂŁo procura
Essas quimeras, esses bens do mundo,
Suspiro pela paz da sepultura.