Sonetos sobre Raios de Fernando Pessoa

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Sonetos de raios de Fernando Pessoa. Leia este e outros sonetos de Fernando Pessoa em Poetris.

Soneto Já Antigo

Olha, Daisy: quando eu morrer tu hás de
dizer aos meus amigos aĂ­ de Londres,
embora nĂŁo o sintas, que tu escondes
a grande dor da minha morte. Irás de

Londres p’ra Iorque, onde nasceste (dizes…
que eu nada que tu digas acredito),
contar Ă quele pobre rapazito
que me deu tantas horas tĂŁo felizes,

Embora nĂŁo o saibas, que morri…
mesmo ele, a quem eu tanto julguei amar,
nada se importará… Depois vai dar

a notĂ­cia a essa estranha Cecily
que acreditava que eu seria grande…
Raios partam a vida e quem lá ande!

Barrow-On-Furness III

Corre, raio de rio, e leva ao mar
A minha indiferença subjetiva!
Qual “leva ao mar”! Tua presença esquiva
Que tem comigo e com o meu pensar?

Lesma de sorte! Vivo a cavalgar
A sombra de um jumento. A vida viva
Vive a dar nomes ao que nĂŁo se ativa,
Morre a pĂ´r etiquetas ao grande ar…

Escancarado Furness, mais trĂŞs dias
Te, aturarei, pobre engenheiro preso
A sucessibilĂ­ssimas vistorias…

Depois, ir-me-ei embora, eu e o desprezo
(E tu irás do mesmo modo que ias),
Qualquer, na gare, de cigarro aceso…