Sonetos sobre RazĂŁo de Fernando Pessoa

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Sonetos de razĂŁo de Fernando Pessoa. Leia este e outros sonetos de Fernando Pessoa em Poetris.

Qual É A Tarde Por Achar

Qual Ă© a tarde por achar
Em que teremos todos razĂŁo
E respiraremos o bom ar
Da alameda sendo verĂŁo,

Ou, sendo inverno, baste ‘star
Ao pé do sossego ou do fogão?
Qual Ă© a tarde por voltar?
Essa tarde houve, e agora nĂŁo.

Qual Ă© a mĂŁo cariciosa
Que hĂĄ de ser enfermeira minha –
Sem doenças minha vida ousa –

Oh, essa mĂŁo Ă© morta e osso …
Só a lembrança me acarinha
O coração com que não posso.

Entre o Bater Rasgado dos PendÔes

Entre o bater rasgado dos pendÔes
E o cessar dos clarins na tarde alheia,
A derrota ficou: como uma cheia
Do mal cobriu os vagos batalhÔes.

Foi em vão que o Rei louco os seus varÔes
Trouxe ao prolixo prélio, sem idéia.
Água que mão infiel verteu na areia —
Tudo morreu, sem rastro e sem razÔes.

A noite cobre o campo, que o Destino
Com a morte tornou abandonado.
Cessou, com cessar tudo, o desatino.

Só no luar que nasce os pendÔes rotos
Mostram no absurdo campo desolado
Uma derrota herĂĄldica de ignotos.