Sonetos sobre Rosas de António Cândido Gonçalves Crespo

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Sonetos de rosas de António Cândido Gonçalves Crespo. Leia este e outros sonetos de António Cândido Gonçalves Crespo em Poetris.

Soneto da Nudez

Há um misto de azul e trevas agitadas
Nesse felino olhar de lĂşbrica bacante.
Quando lhe cai aos pés a roupa flutuante,
Contemplo, mudo e absorto, as formas recatadas.

Nessa mulher esplende um poema deslumbrante
De volĂşpia e langor; em noites tresloucadas
Que suave nĂŁo Ă© nas rosas perfumadas
De seus lábios beber o aroma inebriante!

Fascina, quando a vejo Ă  noite seminua,
Postas as mĂŁos no seio, onde o desejo estua,
A boca descerrada, amortecido o olhar…

Fascina, mas sua alma Ă© lodo, onde nĂŁo pousa
Um raio dessa aurora, o amor, sublime cousa!
Raio de luz perdido em tormentoso mar!

N. H.

Tu nĂŁo Ă©s de Romeu a doce amante,
A triste Julieta, que suspira,
Solto o cabelo aos ventos ondeante,
Inquietas cordas de suspensa lira.

Não és Ofélia, a virgem lacrimante,
Que ao luar nos jardins vaga e delira,
E é levada nas águas flutuante,
Como em sonho de amor que cedo expira.

És a estátua de mármore de rosa;
Galatéia acordando voluptuosa
Do grego artista ao fogo de mil beijos…

És a lânguida Júlia que desmaia,
És Haidéia nos côncavos da praia;
Fosse eu o Dom JoĂŁo dos teus desejos!…