Sonetos sobre Rosas de Vinicius de Moraes

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Sonetos de rosas de Vinicius de Moraes. Leia este e outros sonetos de Vinicius de Moraes em Poetris.

Soneto De Um Casamento

Na sala de luz lĂ­vida, sorriam
Sombras imĂłveis; e outras lacrimosas
Perseguiam lembranças dolorosas
Na exaltação das flores que morriam.

Em vácuos de perfume, descaíam
Diáfanos, de diáfanas mãos piedosas
Fátuos sons de brilhantes que fremiam
Entre a crepitação lenta das rosas.

Nas taças cheias acendiam círios
Votivos, e entre as taças e o lírios
Vozes veladas, nessa mesa posta

Velavam… enquanto plácida e perdida
Irreal e longĂ­nqua como a vida
Toda de branco perpassava a Morta.

Soneto Da Rosa

Mais um ano na estrada percorrida
Vem, como astro matinal, que a adora
Molhar de puras lágrimas de aurora
A morna rosa escura e apetecida.

E da fragrante tepidez sonora
No recesso, como ávida ferida
Guardar o plasma mĂşltiplo da vida
Que a faz materna e plácida, e agora

Rosa geral de sonho e plenitude
Transforma em novas rosas de beleza
Em novas rosas de carnal virtude.

Para que o sonho viva de certeza
Para que o tempo da paixĂŁo nĂŁo mude
Para que se una o verbo Ă  natureza.

Soneto Da Rosa Tardia

Como uma jovem rosa, a minha amada…
Morena, linda, esgalga, penumbrosa
Parece a flor colhida, ainda orvalhada
Justo no instante de tornar-se rosa.

Ah, porque nĂŁo a deixas intocada
Poeta, tu que es pai, na misteriosa
Fragrância do seu ser, feito de cada
Coisa tĂŁo frágil que perfaz a rosa…

Mas (diz-me a Voz) por que deixa-la em haste
Agora que ela e’ rosa comovida
De ser na tua vida o que buscaste

TĂŁo dolorosamente pela vida ?
Ela e’ rosa, poeta… assim se chama…
Sente bem seu perfume… Ela te ama…