Ecos D’alma
Oh! madrugada de ilusĂ”es, santĂssima,
Sombra perdida lĂĄ do meu Passado,
Vinde entornar a clĂąmide purĂssima
Da luz que fulge no ideal sagrado!Longe das tristes noutes tumulares
Quem me dera viver entre quimeras,
Por entre o resplandor das Primaveras
Oh! madrugada azul dos meus sonhares;Mas quando vibrar a Ășltima balada
Da tarde e se calar a passarada
Na bruma sepulcral que o céu embaça,Quem me dera morrer então risonho,
Fitando a nebulosa do meu Sonho
E a Via-LĂĄctea da IlusĂŁo que passa!
Sonetos sobre Sagrado de Augusto dos Anjos
4 resultadosErgue, Criança, A Fronte Condorina
Ergue, criança, a fronte condorina
Que é tua fronte, oh!, genial criança,
Ă como a estrela-d’alva da esperança,
Do talento sagrado que a ilumina!Ergue-a, pois, e que, à auréola purpurina
Do Sol da CiĂȘncia, o rĂștilo tesouro
Do Estudo – o Grande Mestre – que te ensina,
Chova sobre ela suas gemas d’ouro!E hoje que colhes um laurel bendito,
Aceita a saudação que num contrito
Fervor, eleva, qual penhor sinceroUm peito amigo a outro peito amigo,
A um gĂȘnio que desponta e que eu bendigo,
A um coração de irmão que tanto quero!
Primavera
A meu irmĂŁo Odilon dos Anjos
Primavera gentil dos meus amores,
– Arca cerĂșlea de ilusĂ”es etĂ©reas,
Chova-te o Céu cintilaçÔes sidéreas
E a terra chova no teu seio flores!Esplende, Primavera, os teus fulgores,
Na auréola azul dos dias teus risonhos,
Tu que sorveste o fel das minhas dores
E me trouxeste o néctar dos teus sonhos!Cedo virå, porém, o triste outono,
Os dias voltarĂŁo a ser tristonhos
E tu hĂĄs de dormir o eterno sono,Num sepulcro de rosas e de flores,
Arca sagrada de cerĂșleos sonhos,
Primavera gentil dos meus amores!
Idealismo
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade Ă© uma mentira.
Ă. E Ă© por isto que na minha lira
De amores fĂșteis poucas vezes falo.O amor! Quando virei por fim a amĂĄ-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
Ă o amor do sibarita e da hetaĂra,
De Messalina e de Sardanapalo?!Pois Ă© mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
– Alavanca desviada do seu fulcro –E haja sĂł amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!