Sonetos sobre Tristes de Ant贸nio Gomes Leal

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Sonetos de tristes de Ant贸nio Gomes Leal. Leia este e outros sonetos de Ant贸nio Gomes Leal em Poetris.

Acusa莽茫o 脿 Cruz

Ha muito, 贸 lenho triste e consagrado!
Desfeita podrid茫o, velho madeiro!
Que tens avassalado o mundo inteiro,
Como um pend茫o de luto levantado.

Se o que foi nos teus bra莽os cravejado
Foi realmente a Hostia, o Verdadeiro,
Elle est谩 mais ferido que um guerreiro
Para livrar das flexas do Peccado.

Ha muito j谩 que espalhas a tristeza,
Que lutas contra a alegre Natureza,
E vences 贸 Cruz triste! Cruz escura!

Chega-te o inverno, symbolo tremendo!
Queremos Vida e Ac莽茫o- Fica-te sendo
Um emblema de morte e sepultura!

Soneto D’Um Poeta Morto

Bem sei que hei de morrer cedo e cansado,
Alguma cousa triste em mim o diz,
E vagarei no mundo desterrado,
Como Dante chorando a Beatriz.

Pelos reinos, irei talvez curvado,
Como um proscripto princepe infeliz,
Ou como o indio pallido e exilado
Chorando o vivo azul do seu payz.

Mas no entanto, ah! ninguem ao Sol divino
Abrasou mais as azas, derretidas
Ante as duras, ferozes multid玫es!

E ninguem teve a torre d’ouro fino,
Aonde, quaes princezas perseguidas,
Morreram minhas doudas illus玫es!

Carta ao Mar

Deixa escrever-te, verde mar antigo,
Largo Oceano, velho deus limoso,
Cora莽茫o sempre lyrico, choroso,
E terno visionario, meu amigo!

Das bandas do poente lamentoso
Quando o vermelho sol vae ter comtigo,
– Nada 茅 mais grande, nobre e doloroso,
Do que tu, – vasto e humido jazigo!

Nada 茅 mais triste, tragico e profundo!
Ninguem te vence ou te venceu no mundo!…
Mas tambem, quem te poude consollar?!

Tu 茅s For莽a, Arte, Amor, por excellencia! –
E, comtudo, ouve-o aqui, em confidencia;
– A Musica 茅 mais triste inda que o Mar!

Na Rua

Veijo-a sempre passar s茅ria, constante,
– 脌s vezes, inclinada na janella, –
Tranquilla, fria, e pallido o semblante,
Como uma santa triste de capella.

Seu riso sem callor como o brilhante
No nosso labio o proprio riso gella,
E ella nasceu para chorar diante
D’um Christo n’uma estreita e escura cella.

Seu olhar virginal como as crian莽as
Jamais disse do amor as cousas mansas;
Jamais vergou da For莽a ao choque rude.

Abrasa-a um fogo divinal secreto! –
eu sinto, mal a avisto, ao seu aspecto,
O brio intenso e negro da Virtude.