Acusa莽茫o 脿 Cruz
Ha muito, 贸 lenho triste e consagrado!
Desfeita podrid茫o, velho madeiro!
Que tens avassalado o mundo inteiro,
Como um pend茫o de luto levantado.Se o que foi nos teus bra莽os cravejado
Foi realmente a Hostia, o Verdadeiro,
Elle est谩 mais ferido que um guerreiro
Para livrar das flexas do Peccado.Ha muito j谩 que espalhas a tristeza,
Que lutas contra a alegre Natureza,
E vences 贸 Cruz triste! Cruz escura!Chega-te o inverno, symbolo tremendo!
Queremos Vida e Ac莽茫o- Fica-te sendo
Um emblema de morte e sepultura!
Sonetos sobre Tristes de Ant贸nio Gomes Leal
4 resultadosSoneto D’Um Poeta Morto
Bem sei que hei de morrer cedo e cansado,
Alguma cousa triste em mim o diz,
E vagarei no mundo desterrado,
Como Dante chorando a Beatriz.Pelos reinos, irei talvez curvado,
Como um proscripto princepe infeliz,
Ou como o indio pallido e exilado
Chorando o vivo azul do seu payz.Mas no entanto, ah! ninguem ao Sol divino
Abrasou mais as azas, derretidas
Ante as duras, ferozes multid玫es!E ninguem teve a torre d’ouro fino,
Aonde, quaes princezas perseguidas,
Morreram minhas doudas illus玫es!
Carta ao Mar
Deixa escrever-te, verde mar antigo,
Largo Oceano, velho deus limoso,
Cora莽茫o sempre lyrico, choroso,
E terno visionario, meu amigo!Das bandas do poente lamentoso
Quando o vermelho sol vae ter comtigo,
– Nada 茅 mais grande, nobre e doloroso,
Do que tu, – vasto e humido jazigo!Nada 茅 mais triste, tragico e profundo!
Ninguem te vence ou te venceu no mundo!…
Mas tambem, quem te poude consollar?!Tu 茅s For莽a, Arte, Amor, por excellencia! –
E, comtudo, ouve-o aqui, em confidencia;
– A Musica 茅 mais triste inda que o Mar!
Na Rua
Veijo-a sempre passar s茅ria, constante,
– 脌s vezes, inclinada na janella, –
Tranquilla, fria, e pallido o semblante,
Como uma santa triste de capella.Seu riso sem callor como o brilhante
No nosso labio o proprio riso gella,
E ella nasceu para chorar diante
D’um Christo n’uma estreita e escura cella.Seu olhar virginal como as crian莽as
Jamais disse do amor as cousas mansas;
Jamais vergou da For莽a ao choque rude.Abrasa-a um fogo divinal secreto! –
eu sinto, mal a avisto, ao seu aspecto,
O brio intenso e negro da Virtude.