Sonetos sobre For莽a de Ant贸nio Gomes Leal

2 resultados
Sonetos de for莽a de Ant贸nio Gomes Leal. Leia este e outros sonetos de Ant贸nio Gomes Leal em Poetris.

Carta ao Mar

Deixa escrever-te, verde mar antigo,
Largo Oceano, velho deus limoso,
Cora莽茫o sempre lyrico, choroso,
E terno visionario, meu amigo!

Das bandas do poente lamentoso
Quando o vermelho sol vae ter comtigo,
– Nada 茅 mais grande, nobre e doloroso,
Do que tu, – vasto e humido jazigo!

Nada 茅 mais triste, tragico e profundo!
Ninguem te vence ou te venceu no mundo!…
Mas tambem, quem te poude consollar?!

Tu 茅s For莽a, Arte, Amor, por excellencia! –
E, comtudo, ouve-o aqui, em confidencia;
– A Musica 茅 mais triste inda que o Mar!

Na Rua

Veijo-a sempre passar s茅ria, constante,
– 脌s vezes, inclinada na janella, –
Tranquilla, fria, e pallido o semblante,
Como uma santa triste de capella.

Seu riso sem callor como o brilhante
No nosso labio o proprio riso gella,
E ella nasceu para chorar diante
D’um Christo n’uma estreita e escura cella.

Seu olhar virginal como as crian莽as
Jamais disse do amor as cousas mansas;
Jamais vergou da For莽a ao choque rude.

Abrasa-a um fogo divinal secreto! –
eu sinto, mal a avisto, ao seu aspecto,
O brio intenso e negro da Virtude.