Sonetos sobre Escuro de Ant贸nio Gomes Leal

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Sonetos de escuro de Ant贸nio Gomes Leal. Leia este e outros sonetos de Ant贸nio Gomes Leal em Poetris.

Acusa莽茫o 脿 Cruz

Ha muito, 贸 lenho triste e consagrado!
Desfeita podrid茫o, velho madeiro!
Que tens avassalado o mundo inteiro,
Como um pend茫o de luto levantado.

Se o que foi nos teus bra莽os cravejado
Foi realmente a Hostia, o Verdadeiro,
Elle est谩 mais ferido que um guerreiro
Para livrar das flexas do Peccado.

Ha muito j谩 que espalhas a tristeza,
Que lutas contra a alegre Natureza,
E vences 贸 Cruz triste! Cruz escura!

Chega-te o inverno, symbolo tremendo!
Queremos Vida e Ac莽茫o- Fica-te sendo
Um emblema de morte e sepultura!

Na Rua

Veijo-a sempre passar s茅ria, constante,
– 脌s vezes, inclinada na janella, –
Tranquilla, fria, e pallido o semblante,
Como uma santa triste de capella.

Seu riso sem callor como o brilhante
No nosso labio o proprio riso gella,
E ella nasceu para chorar diante
D’um Christo n’uma estreita e escura cella.

Seu olhar virginal como as crian莽as
Jamais disse do amor as cousas mansas;
Jamais vergou da For莽a ao choque rude.

Abrasa-a um fogo divinal secreto! –
eu sinto, mal a avisto, ao seu aspecto,
O brio intenso e negro da Virtude.