A InfluĂȘncia dos Livros e dos Jornais
Os jornais e os livros exercem no nascimento e na propagação das opiniĂ”es uma influĂȘncia imensa, conquanto inferior Ă dos discursos. Os livros actuam muito menos que os jornais, pois a multidĂŁo nĂŁo os lĂȘ. Alguns foram, contudo, bastante poderosos pela sua influĂȘncia sugestiva para provocar a morte de milhares de homens. Tais sĂŁo as obras de Rousseau, verdadeira bĂblia dos chefes do Terror, ou A Cabana do Pai TomĂĄs, que contribuiu muito para a sanguinolenta guerra de secessĂŁo na AmĂ©rica do Norte. Outras obras como Robinson CrusĂłe e os romances de JĂșlio Verne exerceram grande influĂȘncia nas opiniĂ”es da juventude e determinaram muitas carreiras.
Essa força dos livros era, sobretudo, considerĂĄvel quando se lia pouco. A leitura da BĂblia no tempo de Cromwel criou na Inglaterra um nĂșmero avultado de fanĂĄticos. Sabe-se que na Ă©poca em que foi escrito Dom Quixote, os romances de cavalaria exerciam uma acção tĂŁo perniciosa em todos os cĂ©rebros que os soberanos espanhĂłis vedaram, finalmente, a venda desses livros.
Hoje, a influĂȘncia dos jornais Ă© muito superior Ă força dos livros. SĂŁo em nĂșmero incalculĂĄvel as pessoas que tĂȘm unicamente a opiniĂŁo do jornal que elas lĂȘem.
Textos sobre Chefes de Gustave Le Bon
2 resultadosDificuldade de Prever o Comportamento de qualquer Pessoa, o Nosso Inclusivamente
Sendo variĂĄvel o nosso âeuâ, que Ă© dependente das circunstĂąncias, um homem jamais deve supor que conhece outro. Pode somente afirmar que, nĂŁo variando as circunstĂąncias, o procedimento do indivĂduo observado nĂŁo mudarĂĄ. O chefe de escritĂłrio que jĂĄ redige hĂĄ vinte anos relatĂłrios honestos, continuarĂĄ sem dĂșvida a redigi-los com a mesma honestidade, mas cumpre nĂŁo o afirmar em demasia. Se surgirem novas circunstĂąncias, se uma paixĂŁo forte lhe invadir a mente, se um perigo lhe ameaçar o lar, o insignificante burocrata poderĂĄ tornar-se um celerado ou um herĂłi.
As grandes oscilaçÔes da personalidade observam-se quase exclusivamente na esfera dos sentimentos. Na da inteligĂȘncia, elas sĂŁo muito fracas. Um imbecil permanecerĂĄ sempre imbecil.
As possĂveis variaçÔes da personalidade, que impedem de conhecermos a fundo os nossos semelhantes, tambĂ©m obstam a que cada qual se conheça a si prĂłprio. O adĂĄgio âNosce te ipsumâ dos antigos filĂłsofos constitui um conselho irrealizĂĄvel. O âeuâ exteriorizado representa habitualmente uma personalidade de emprĂ©stimo, mentirosa. Assim Ă©, nĂŁo sĂł porque atribuĂmos a nĂłs mesmos muitas qualidades e nĂŁo reconhecemos absolutamente os nossos defeitos, como tambĂ©m porque o nosso âeuâ contĂ©m uma pequena porção de elementos conscientes, conhecĂveis em rigor, e, em grande parte,