Textos sobre DifĂ­cil de Henry Miller

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Textos de difĂ­cil de Henry Miller. Leia este e outros textos de Henry Miller em Poetris.

Estou Completamente de Pernas para o Ar

Anais, tornaste-te uma parte tĂŁo vital de mim que estou completamente de pernas para o ar, se isto quer dizer algo. NĂŁo sei o que escrevo… SĂł que te amo, que tenho de te ter exclusivamente, ferozmente, possessivamente. NĂŁo sei o que quero. Tenho demasiado, acho. Esmagaste-me e mimaste-me. Continuo a pedir-te coisas cada vez mais difĂ­ceis. Espero que faças milagres. NĂŁo sabes como sinto a falta daquelas noites que passĂĄmos juntos… O quanto elas significaram para mim. Outras vezes Ă©s sĂł um fantasma, um espectro. Chegas e fico doente de desejo, um desejo de te possuir, de te ter sempre Ă  minha volta, a falar comigo naturalmente, a mover-te como se fosses uma parte de mim.

EnvolvĂȘ-la nos Meus Braços

TrĂȘs minutos depois de vocĂȘ ter partido. NĂŁo, nĂŁo consigo reprimi-lo. Digo-lhe o que jĂĄ sabe: amo-a. É isto que destruĂ­ vezes sem conta. Em Dijon, escrevi-lhe cartas longas e apaixonadas (se vocĂȘ tivesse permanecido na Suíça ter-lhas-ia enviado), mas como posso eu enviĂĄ-las para Louveciennes?

Anais, nĂŁo posso dizer muito agora – encontro-me demasiado alterado. Quase nĂŁo consegui conversar consigo, porque estava continuamente prestes a levantar-me e a envolvĂȘ-la nos meus braços. Tinha esperanças de que vocĂȘ nĂŁo tivesse de ir jantar a casa… De que pudĂ©ssemos ir a algum lado jantar e dançar. VocĂȘ dança… JĂĄ sonhei com isso vezes sem conta… Eu a dançar consigo, ou vocĂȘ a dançar sozinha com a cabeça inclinada para trĂĄs e os olhos semicerrados. Algum dia tem de dançar para mim dessa maneira. Esse Ă© o seu Eu espanhol, o tal sangue andaluz destilado.

Estou sentado no seu lugar e jĂĄ levei aos lĂĄbios o copo onde vocĂȘ bebeu. Mas nĂŁo sei o que dizer. O que vocĂȘ me leu pĂŽs-me a cabeça Ă s voltas. A sua linguagem Ă© ainda mais avassaladora do que a minha. Comparado consigo, nĂŁo passo de um petiz… porque, quando o Ăștero que hĂĄ em si fala,

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A Arte e a Vida

Todos nós sabemos, quando fazemos algo, o quanto deixåmos de fora, o quão grandemente falhåmos, e carregamos dentro de nós uma imagem da coisa perfeita que falhou na materialização, e isso nós encaramos como o poema, isso é o que pedimos que nos reconheçam. Isso é o nosso orgulho, o nosso ego, exigindo completo reconhecimento.

E Ă© difĂ­cil separar a obra de arte do homem ou da mulher que a produziu. Tendemos a confundir os dois. No fim de contas, suponho, a histĂłria da luta que o artista atravessou para dar Ă  luz a sua ideia Ă© tĂŁo patente, tĂŁo intensa, que mesmo que queiramos permanecer crĂ­ticos — Ă s vezes — vemos que Ă© quase impossĂ­vel fazĂȘ-lo. Mas sĂł porque a arte nĂŁo Ă© vida, sĂł porque a arte Ă© uma criação tĂŁo inextrincavelmente ligada Ă  vida, precisamos de fazer grandes esforços para isolar o elemento da arte em vez do elemento da vida. Por vezes, parece-me quase ridĂ­culo dizermos que este homem Ă© mais humano do que aquele, que revela mais da vida, etc., no seu trabalho.

Como pode alguĂ©m realmente dizer isso… se levarmos isto ao limite? Porque o Ășltimo movimento da caneta Ă© revelador…

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