Exercitar a Vontade Naquilo que Podemos Ter de Melhor

Ponho-me a pensar na quantidade dos que exercitam o fĂ­sico, e na escassez dos que ginasticam a inteligĂȘncia; na afluĂȘncia que tĂȘm os gratuitos espectĂĄculos desportivos, e na ausĂȘncia de pĂșblico durante as manifestaçÔes culturais; enfim, na debilidade mental desses atletas de quem admiramos as espĂĄduas musculadas. E penso sobreutdo nisto: se o corpo pode, Ă  força de treino, atingir um grau de resistĂȘncia tal que permite ao atleta suportar a um tempo os murros e pontapĂ©s de vĂĄrios adversĂĄrios, que o torna apto a aguentar um dia inteiro sob um sol abrasador, numa arena escaldante, todo coberto de sangue – nĂŁo serĂĄ mais fĂĄcil ainda dar Ă  alma uma tal robustez que a torne capaz de resistir sem ceder aos golpes da fortuna, capaz de erguer-se de novo ainda que derrubada e espezinhada?! De facto, enquanto o corpo, para se tornar vigoroso, depende de muitos factores materiais, a alma encontra em si mesma tudo quanto necessita para se robustecer, alimentar, exercitar. Os atletas precisam de grande quantidade de comida e bebida, de muitos unguentos, sobretudo de um treino intensivo: tu, para atingires a virtude, nĂŁo precisarĂĄs de dispender um tostĂŁo em equipamento! Aquilo que pode fazer de ti um homem de bem existe dentro de ti.

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