As Verdadeiras Necessidades nĂŁo TĂŞm Gostos

Nenhum conselho me parece mais Ăştil para te dar do que este (e que nunca Ă© demais repetir!): limita sempre tudo aos desejos naturais que tu podes satisfazer com pouca ou nenhuma despesa, evitando, contudo, confundir vĂ­cios com desejos. Porventura te interessa saber em que tipo de mesa, em que baixela de prata te Ă© servida a refeição, ou se os escravos te servem com bom ritmo e solicitude? A natureza sĂł necessita de uma coisa: a comida. (…) A fome dispensa pretensões, apenas reclama ser saciada, sem cuidar grandemente com quĂŞ. O triste prazer da gula vive atormentado na ânsia de continuar com vontade de comer mesmo quando saciado, de buscar o modo como atulhar, e nĂŁo apenas encher o estĂ´mago, de achar maneira de excitar a sede extinta logo Ă  primeira golada! Tem, por isso toda a razĂŁo Horácio quando diz que a sede nĂŁo se interessa pela espĂ©cie de copo ou pela elegância da mĂŁo que o serve.
Se achas que têm para ti muita importância os cabelos encaracolados do escravo, ou a transparência do copo que te põe à frente, é porque não estás com sede. Entre outros benefícios que devemos à natureza conta-se este,

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