Textos Exclamativos de François de La Rochefoucauld

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Os Exemplos sĂŁo Guias que nos Desencaminham com FrequĂȘncia

Seja qual for a diferença que exista entre os bons e os maus exemplos, convenhamos que ambos dĂŁo mau resultado. Nem sequer sei se os crimes de TibĂ©rio ou de Nero nos afastam mais dos vĂ­cios do que os exemplos paradigmĂĄticos dos grandes homens que supostamente nos encaminham para a virtude. Veja-se como a valentia de Alexandre produziu gabarolas! Veja-se atĂ© que ponto a glĂłria de CĂ©sar permitiu actos antipĂĄticos! Repare-se como Roma e Esparta louvaram virtudes selvagens! DiĂłgenes criou tantos filĂłsofos importunos, CĂ­cero citou tagarelas, PompĂłnio Ático citou pessoas medĂ­ocres e preguiçosas, MĂĄrio e Sila, pessoas vingativas, Lucullus, pessoas voluptuosas, AlcibĂ­ades e AntĂłnio citaram debochados e CapĂŁo citou pessoas teimosas! Todos estes famosos protĂłtipos produziram um nĂșmero enorme de mĂĄs reproduçÔes. As virtudes sĂŁo vizinhas dos vĂ­cios. Os exemplos sĂŁo guias que nos desencaminham com frequĂȘncia e, como estamos tĂŁo cheios de mentiras, nĂŁo deixamos de usĂĄ-las tanto para nos afastarmos do caminho da virtude como para segui-lo.

O Homem Congrega Todas as Espécies de Animais

HĂĄ tĂŁo diversas espĂ©cies de homens como hĂĄ diversas espĂ©cies de animais, e os homens sĂŁo, em relação aos outros homens, o que as diferentes espĂ©cies de animais sĂŁo entre si e em relação umas Ă s outras. Quantos homens nĂŁo vivem do sangue e da vida dos inocentes, uns como tigres, sempre ferozes e sempre cruĂ©is, outros como leĂ”es, mantendo alguma aparĂȘncia de generosidade, outros como ursos grosseiros e ĂĄvidos, outros como lobos arrebatadores e impiedosos, outros ainda como raposas, que vivem de habilidades e cujo ofĂ­cio Ă© enganar!
Quantos homens nĂŁo se parecem com os cĂŁes! Destroem a sua espĂ©cie; caçam para o prazer de quem os alimenta; uns andam sempre atrĂĄs do dono; outros guardam-lhes a casa. HĂĄ lebrĂ©us de trela que vivem do seu mĂ©rito, que se destinam Ă  guerra e possuem uma coragem cheia de nobreza, mas hĂĄ tambĂ©m dogues irascĂ­veis, cuja Ășnica qualidade Ă© a fĂșria; hĂĄ cĂŁes mais ou menos inĂșteis, que ladram frequentemente e por vezes mordem, e hĂĄ atĂ© cĂŁes de jardineiro. HĂĄ macacos e macacas que agradam pelas suas maneiras, que tĂȘm espĂ­rito e que fazem sempre mal. HĂĄ pavĂ”es que sĂł tĂȘm beleza, que desagradam pelo seu canto e que destroem os lugares que habitam.

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