Textos sobre Fåcil de René Descartes

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Textos de fåcil de René Descartes. Leia este e outros textos de René Descartes em Poetris.

As Regras do Método

(…) em vez desse grande nĂșmero de preceitos que constituem a lĂłgica, julguei que me bastariam os quatro seguintes, contanto que tomasse a firme e constante resolução de nĂŁo deixar uma sĂł vez de os observar.
O primeiro consistia em nunca aceitar como verdadeira qualquer coisa sem a conhecer evidentemente como tal; isto Ă©, evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção; nĂŁo incluir nos meus juĂ­zos nada que se nĂŁo apresentasse tĂŁo clara e tĂŁo distintamente ao meu espĂ­rito, que nĂŁo tivesse nenhuma ocasiĂŁo para o pĂŽr em dĂșvida.
O segundo, dividir cada uma das dificuldades que tivesse de abordar no maior nĂșmero possĂ­vel de parcelas que fossem necessĂĄrias para melhor as resolver.
O terceiro, conduzir por ordem os meus pensamentos, começando pelos objectos mais simples e mais fåceis de conhecer, para subir pouco a pouco, gradualmente, até ao conhecimento dos mais compostos; e admitindo mesmo certa ordem entre aqueles que não se precedem naturalmente uns aos outros.
E o Ășltimo, fazer sempre enumeraçÔes tĂŁo complexas e revisĂ”es tĂŁo gerais, que tivesse a certeza de nada omitir.

O Método é Necessårio para a Procura da Verdade

Os mortais sĂŁo dominados por uma curiosidade tĂŁo cega que, muitas vezes, envenenam o espĂ­rito por caminhos desconhecidos, sem qualquer esperança razoĂĄvel, mas unicamente para se arriscarem a encontrar o que procuram: Ă© como se alguĂ©m, incendiado pelo desejo tĂŁo estĂșpido de encontrar um tesouro, vagueasse sem cessar pelas praças pĂșblicas para ver se, casualmente, encontrava algum perdido por um transeunte. (…) nĂŁo nego que tenham por vezes muita sorte nos seus caminhos errantes e encontrem alguma verdade; contudo, nĂŁo estou de acordo que sejam mais competentes, mas apenas mais afortunados. Ora, vale mais nunca pensar em procurar a verdade de alguma coisa que fazĂȘ-lo sem mĂ©todo: Ă© certĂ­ssimo, pois, que os estudos feitos desordenadamente e as meditaçÔes confusas obscurecem a luz natural e cegam os espĂ­ritos. Quem se acostuma a andar assim nas trevas enfraquece de tal modo a acuidade do olhar que, depois, nĂŁo pode suportar a luz do pleno dia.

É a experiĂȘncia que o diz: vemos muitissimas vezes os que nunca se dedicaram Ă s letras julgar o que se lhes depara com muito maior solidez e clareza do que aqueles que sempre frequentaram as escolas. Entendo por mĂ©todo regras certas e fĂĄceis, que permitem a quem exactamente as observar nunca tomar por verdadeiro algo de falso,

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