Textos sobre Livres de Johann Wolfgang von Goethe

3 resultados
Textos de livres de Johann Wolfgang von Goethe. Leia este e outros textos de Johann Wolfgang von Goethe em Poetris.

Teorias Precipitadas

É vulgar uma teoria ser resultado da precipitação de um entendimento impaciente que, desejoso de se ver livre dos fenĂłmenos, os substitui por imagens, conceitos, ou com frequĂȘncia por meras palavras. Pressente-se, e por vezes vĂȘ-se atĂ© com clareza, que se trata apenas de expedientes. Mas nĂŁo Ă© sabido que a paixĂŁo e o partidarismo se deixam atrair pelos expedientes? E com toda a razĂŁo, porque tanta falta lhes fazem.
(…) Avançar precipitadamente para o fim a alcançar, sem reflectir sobre os meios. Como se, para poder ajudar tĂŁo cedo quanto possĂ­vel uma cirança de berço, lhe quisĂ©ssemos matar o pai.
Se atentarmos em certos problemas de Aristóteles ficamos supreendidos com o dom de observação e com a imensidade de coisas que não escapavam ao olhar dos gregos. E contudo cometiam o erro da precipitação, jå que saltavam imediatamente dos fenómenos para a explicação, de onde resultaram formulaçÔes teoréticas totalmente inadequadas. Trata-se todavia de um erro geral que ainda hoje continua a ser cometido.

Aptidão, Vontade, e Acção

No reino da Natureza dominam o movimento e o agir. No reino da liberdade dominam a aptidĂŁo e o querer. O movimento Ă© perpĂ©tuo e, sendo favorĂĄveis as circunstĂąncias, manifesta-se necessariamente nos fenĂłmenos. As aptidĂ”es, desenvolvendo-se embora em correspondĂȘncia com a Natureza, tĂȘm contudo que ser postas em exercĂ­cio por parte da vontade para poderem elevar-se gradualmente. É por isso que nunca temos no exercĂ­cio livre da vontade a mesma certeza que temos na autonomia do agir natural; este Ășltimo Ă© qualquer coisa que se produz a si mesma enquanto que o primeiro Ă© produzido.
O exercĂ­cio da vontade, para ser perfeito e eficaz, tem que se adequar: no plano moral, Ă  consciĂȘncia – a uma consciĂȘncia sem erro -, e, no domĂ­nio das artes, Ă  regra – a uma regra que em nenhum lado estĂĄ enunciada. A consciĂȘncia nĂŁo precisa de nenhum patrocĂ­nio, porque tem tudo o que lhe Ă© necessĂĄrio e porque sĂł tem que ver com o mundo pessoal interior. O gĂ©nio tambĂ©m nĂŁo precisaria de nenhuma regra, mas, uma vez que a sua eficĂĄcia se dirige para o exterior, estĂĄ na dependĂȘncia de mĂșltiplas contingĂȘncias materiais e temporais, nĂŁo lhe sendo possĂ­vel escapar a erros que daĂ­ decorrem.

Continue lendo…

Igualdade nĂŁo Ă© Liberdade

Todos os homens são iguais em sociedade. Nenhuma sociedade se pode fundamentar noutra coisa que não seja a noção de igualdade. Acima de tudo não pode fundamentar-se no conceito de liberdade. A igualdade é qualquer coisa que quero encontrar na sociedade, ao passo que a liberdade, nomeadamente a liberdade moral de me dispor à subordinação, transporto-a comigo.
A sociedade que me acolhe tem portanto que me dizer: «É teu dever ser igual a todos nĂłs». E nĂŁo pode acrescentar mais que isto: «Desejamos que tu, com toda a convicção, de tua livre e racional vontade, renuncies aos teus privilĂ©gios».
O nosso Ășnico passe de mĂĄgica consiste no facto de prescindirmos da nossa existĂȘncia para podermos existir.
A mais elevada finalidade da sociedade Ă© consequĂȘncia das vantagens que assegura a cada um. Cada um sacrifica racionalmente a essa consequĂȘncia uma grande quantidade de coisas. A sociedade, portanto, muito mais. Por causa da dita consequĂȘncia, a vantagem pontual de cada membro da sociedade anda perto de se reduzir a nada.