Textos sobre Maneiras de Johann Wolfgang von Goethe

9 resultados
Textos de maneiras de Johann Wolfgang von Goethe. Leia este e outros textos de Johann Wolfgang von Goethe em Poetris.

Limitadores do Espírito

Cada vez que se liberta o espírito humano de uma hipótese que o limitava de modo desnecessário, que o forçava a ver errada ou parcialmente, a efectuar combinações erróneas, a enveredar por sofismas em vez de articular juízos rigorosos, presta-se-lhe já um importante serviço. Porque o espírito humano passa então a ver os fenómenos com maior liberdade, passa a encará-los noutras combinações, em diferentes relações, ordena-os a seu modo, e recupera a possibilidade de errar por si próprio e à sua maneira. Coisa que é inestimável, porque não tardará que, na sequência, o espírito humano consiga descobrir os seus próprios erros.

Ser Distinto

A elegância distinta (…) é difícil de imitar, porque, no fundo, ela é negativa e pressupõe uma prática longa e constante. Pois a pessoa não deve, por exemplo, representar na sua atitude qualquer coisa que indique dignidade, já que dessa maneira se cai facilmente num carácter formal e orgulhoso; antes se deve, simplesmente, evitar o que é indigno, o que é vulgar; a pessoa nunca se deve esquecer, deve prestar sempre atenção a si e aos outros, não perdoar nada a si própria, não fazer aos outros nem de mais, nem de menos, não parecer comovida com nada, não se impressionar com nada, nunca se apressar demasiado, saber dominar-se em qualquer momento e, assim, manter um equilíbrio exterior, por muito forte que seja interiormente o temporal.
O homem nobre pode, em certos momentos, desleixar-se; o homem distinto nunca. Este é como um homem muito bem vestido: não se enconstará em lado nenhum e toda a gente evitará roçar nele. Ele distingue-se dos outros e, todavia, não deve ficar sozinho; pois, tal como em todas as artes e, portanto, também nesta, o mais difícil deve, finalmente, ser executado com facilidade: por isso, a pessoa distinta, apesar de todo o isolamento,

Continue lendo…

A Liberdade de Imprensa

A censura e a liberdade de imprensa hão-de continuar sempre a sua luta. O poderoso exige e exerce a censura; o homem sem poderes reclama a liberdade de imprensa. O primeiro quer ser obedecido, em vez de ser limitado nos seus planos ou na sua actividade por uma contradição insolente. O segundo quer dar voz às razões que lhe legitimam a desobediência. Por toda a parte se encontrará uma tal oposição.
Notar-se-à contudo também que, à sua maneira, o mais fraco, o que sofre a dominação, procura igualmente limitar a liberdade de imprensa, nomeadamente quando conspira e procura não ser traído.
Ninguém clama tanto por liberdade de imprensa como aquele que a quer perverter.

A Certeza Entra Com Vigor

Quem quer defender o falso tem motivo suficiente para entrar com mansidão e apresentar-se como defensor de um estilo refinado de vida. Quem sente que está do lado certo tem que entrar com vigor. Uma certeza com boas maneiras é coisa que não faz sentido.

O Equilíbrio Humano

As nossas opiniões são apenas suplementos da nossa existência e na maneira de pensar de uma pessoa pode ver-se o que lhe falta. Os indivíduos mais frívolos são os que se têm a si mesmos em grande consideração, e as pessoas de maior qualidade são apreensivas. O homem de vícios é descarado e o virtuoso é tímido. Deste modo tudo se equilibra: cada um de nós quer ser completo ou, pelo menos, quer ver-se como tal.

A Força Criadora

O maior mérito do homem consiste sem dúvida em determinar tanto quanto possível as circunstâncias e em deixar-se determinar por elas tão pouco quanto possível. Todo o universo está perante nós como uma grande pedreira perante o arquitecto, o qual só merece esse nome se com a maior economia, conveniência e solidez constituir, a partir dessas massas acidentalmente acumuladas pela Natureza, o protótipo nascido no seu espírito. Fora de nós, tudo é apenas elemento. Sim, até posso dizer: tudo o que há em nós também. Mas no fundo de nós próprios encontra-se essa força criadora que nos permite produzir aquilo que tem de ser e que não nos deixa descansar, nem repousar, enquanto não o tivermos realizado, de uma maneira ou de outra, fora de nós ou em nós.

A Luta do Antigo e do Novo

É sempre igual a luta do que é antigo, do que já existe e procura subsistir, contra o desenvolvimento, a formação e a transformação. Toda a ordem acaba por dar origem à pedanteria e para nos libertarmos dela destrói-se a ordem. Depois, demora sempre algum tempo até que se ganhe consciência de que é preciso voltar a estabelecer uma ordem. O clássico face ao romântico, a obrigação corporativa face à liberdade profissional, o latifúndio face à pulverização da propriedade fundiária: o conflito é sempre o mesmo e há-de sempre dar origem a um novo conflito. Deste modo, a maior prova de entendimento por parte do governante seria regular essa luta de tal maneira que, sem prejuízo de cada uma das partes, conseguisse manter-se equidistante.
É, no entanto, uma possibilidade que não foi dada aos homens, e Deus não parecer querer que assim aconteça.

Afinidades Eternas

Não é possível cortar para sempre com tudo o que nos liga a pessoas que pensam verdadeiramente como nós. Acabamos sempre por voltar a estar de acordo nalgum ponto. Com os que pensam de maneira deveras contrária à nossa é baldado o esforço para manter algum acordo, porque acaba sempre por se desfazer.

Opiniões Discordantes

. É preciso repetir de vez em quando a nossa pro­fissão de fé e exprimir em voz alta aquilo que valori­zamos e aquilo que condenamos. Os nossos adversá­rios também não deixam de o fazer.
. Os adversários acreditam que nos refutam ao repetir as suas opiniões sem dar atenção à nossa. . Os que contradizem e entram em disputa de­viam pensar de vez em quando que nem todas as linguagens são entendíveis por toda a gente.
. Quando alguém afirma que conseguiu contra­dizer-me não pensa que se limitou a contrapor uma visão das coisas à minha, e que, portanto, com isso nada conseguiu de facto. Um terceiro tem o direito de lhe fazer o mesmo, e assim por diante, até ao in­finito.
. Em Nova Iorque há noventa confissões cristãs diferentes e cada uma delas tem a sua maneira pró­pria de adorar a Deus e ao Senhor Jesus, sem por isso se confundirem umas com as outras. Devíamos levar a cabo qualquer coisa de semelhante na inves­tigação relativa à Natureza – e, aliás, em toda a in­vestigação. Pois, que significado tem toda a gente falar de liberalidade e cada um pretender limitar os outros segundo a sua própria maneira de pensar e de se exprimir?

Continue lendo…