Passagens sobre VĂ­cio

362 resultados
Frases sobre vício, poemas sobre vício e outras passagens sobre vício para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

És Um HOMEM, Se…

Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem, e te acusam disso,

Se és capaz de confiar em ti, quando te ti duvidam
E, no entanto, perdoares que duvidem,

Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E nĂŁo caluniares os que te caluniam,

Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,
E pensar, sem reduzir o pensamento a vĂ­cio,

Se és capaz de enfrentar o Triunfo e o Desastre,
Sem fazer distinção entre estes dois impostores,

Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,
Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos,

Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira
E construĂ­-lo outra vez com ferramentas gastas,

Se és capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado,
E perder e começar de novo o teu caminho,
Sem que ouça um suspiro quem seguir ao teu lado,

Se és capaz de forçar os teus músculos e nervos
E fazê-los servir se já quase não servem,

Continue lendo…

Use o Seu Cérebro

Não existe manual de instruções para o cérebro, mas ele precisa de alimento, reparação e da devida manutenção ainda assim. Certos nutrientes são físicos; a atual mania dos alimentos para o cérebro faz as pessoas correrem para vitaminas e enzimas. Mas o devido alimento para o cérebro é tanto mental como físico. O álcool e o tabaco são tóxicos, e sujeitar o cérebro à sua exposição é fazer mau uso dele. A raiva e o medo, o stress e a depressão são igualmente uma forma de má utilização. No momento em que escrevemos este livro, um novo estudo revela que uma rotina de stress diário fecha o córtex pré-frontal, a parte do cérebro responsável pela tomada de decisões, correção de erros e avaliação de situações. É por isso que as pessoas dão em doidas em engarrafamentos. É um stress rotineiro, e contudo a fúria, frustração e impotência que alguns condutores sentem indicam que o córtex pré-frontal deixou de dominar os impulsos primários por cujo controlo é responsável.

Damos constantemente connosco a voltar à mesma questão: use o seu cérebro, não deixe que o seu cérebro o use a si. As fúrias com o trânsito são um exemplo do seu cérebro a usá-lo,

Continue lendo…

Do Poema

O problema nĂŁo Ă©
meter o mundo no poema; alimentá-lo
de luz, planetas, vegetação. Nem
tĂŁo-pouco
enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas
ao amor e Ă  morte, ao sol, ao vĂ­cio,
aos corpos nus dos amantes —

o problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja
mais sĂł
do que as palavras
acompanhadas
no poema.

Os que têm tentado reformar os costumes do mundo, no meu tempo, com opiniões novas, reformam os vícios da aparência; quanto aos da essência, deixam-nos intactos, quando não os aumentam.

Todo o prazer Ă© um vĂ­cio, porque buscar o prazer Ă© o que todos fazem na vida, e o Ăşnico vĂ­cio negro Ă© fazer o que toda a gente faz.

A Força da Ignorância

Por que causa a ignorância nos mantĂ©m agarrados com tanta força? Primeiro, porque nĂŁo a repelimos com suficiente energia nem usamos todas as nossas forças para nos libertarmos dela; depois, porque nĂŁo confiamos o bastante nas lições dos sábios nem as interiorizamos como devĂ­amos, antes tratamos uma tĂŁo magna questĂŁo de forma leviana. Como pode alguĂ©m, aliás, aprender suficientemente a lutar contra os vĂ­cios se apenas dedica a esse estudo o tempo que os vĂ­cios lhe deixam livre?…
Nenhum de nĂłs aprofunda bastante esta matĂ©ria; abordamos o assunto pela rama e, como gente extremamente ocupada, achamos que dedicar umas horas Ă  filosofia Ă© mais do que suficiente. E o que mais nos prejudica Ă© a facilidade com que o nosso amor prĂłprio se satisfaz. Se encontramos alguĂ©m que nos ache homens de bem, homens esclarecidos e irrepreensĂ­veis, logo nos mostramos de acordo! Nem sequer nos contentamos com louvores comedidos: tudo quanto a adulação despudoradamente nos atribui, nĂłs o assumimos como de pleno direito. Se alguĂ©m nos declara os melhores e mais sábios do mundo, nĂłs assentimos, mesmo quando sabemos que esse alguĂ©m Ă© useiro e vezeiro na mentira! A nossa autocomplacĂŞncia vai mesmo tĂŁo longe que pretendemos ser louvados em nome de princĂ­pios que as nossas acções frontalmente desmentem (…) A consequĂŞncia Ă© que ninguĂ©m mostra vontade de corrigir o seu carácter,

Continue lendo…

Alegria

De passadas tristezas, desenganos
amarguras colhidas em trinta anos,
de velhas ilusões,
de pequenas traições
que achei no meu caminho…,
de cada injusto mal, de cada espinho
que me deixou no peito a nĂłdoa escura

duma nova amargura…
De cada crueldade
que pĂ´s de luto a minha mocidade…
De cada injusta pena
que um dia envenenou e ainda envenena
a minha alma que foi tranquila e forte…
De cada morte
que anda a viver comigo, a minha vida,
de cada cicatriz,
eu fiz
nem tristeza, nem dor, nem nostalgia
mas herĂłica alegria.

Alegria sem causa, alegria animal
que nenhum mal
pode vencer.
Doido prazer
de respirar!
VolĂşpia de encontrar
a terra honesta sob os pés descalços.

Prazer de abandonar os gestos falsos,
prazer de regressar,
de respirar
honestamente e sem caprichos,
como as ervas e os bichos.
Alegria voluptuosa de trincar
frutos e de cheirar rosas.

Alegria brutal e primitiva
de estar viva,
feliz ou infeliz
mas bem presa Ă  raĂ­z.

Continue lendo…

Soneto XXIII

Já que tão bom conselho vos ensaia,
Pois o julgais por mais acautelado,
NĂŁo seja embora o anel muito apertado,
Mas nĂŁo seja tĂŁo largo, que vos caia.

O nĂŁo chegar, como passar a raia
É por vício comum vituperado,
Olhai que esse conselho t’Ă© já dado
Num grande estremo, porque d’outro saia.

O pior Ă© que vejo nesse dedo
Do coração, aneis de chumbo e cobre,
E cuidais que trazeis grande tesouro.

Se nĂŁo Ă© por ventura algum segredo,
Ou vosso coração deve ser pobre,
Ou vós não conheceis os anéis de ouro.

Assim como o homem carrega o peso do próprio corpo sem o sentir, mas sente o de qualquer outro corpo que quer mover, também não nota os próprios defeitos e vícios, mas só os dos outros.

Triunfo Supremo

Quem anda pelas lágrimas perdido,
Sonâmbulo dos trágicoa flagelos,
É quem deixou para sempre esquecido
O mundo e os fúteis ouropéis mais belos!

É quem ficou no mundo redimido,
Expurgado dos vĂ­cios mais singelos
E disse a tudo o adeus indefinido
E desprendeu-se dos carnais anelos!

É quem entrou por todas as batalhas
As mãos e os pés e o flanco ensangüentado,
Amortalhado em todas as mortalhas.

Quem florestas e mares foi rasgando
E entre raios, pedradas e metralhas,
Ficou gemendo mas ficou sonhando!