Textos sobre Minoria de José Ortega y Gasset

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Textos de minoria de José Ortega y Gasset. Leia este e outros textos de José Ortega y Gasset em Poetris.

A Nefasta Hiperdemocracia dos Nossos Tempos

NinguĂ©m, creio eu, deplorarĂĄ que as pessoas gozem hoje em maior medida e nĂșmero que antes, jĂĄ que tĂȘm para isso os apetites e os meios. O mal Ă© que esta decisĂŁo tomada pelas massas de assumir as actividades prĂłprias das minorias, nĂŁo se manifesta, nem pode manifestar-se, sĂł na ordem dos prazeres, mas que Ă© uma maneira geral do tempo. Assim (…) creio que as inovaçÔes polĂ­ticas dos mais recentes anos nĂŁo significam outra coisa senĂŁo o impĂ©rio polĂ­tico das massas. A velha democracia vivia temperada por uma dose abundante de liberalismo e de entusiasmo pela lei. Ao servir a estes princĂ­pios o indivĂ­duo obrigava-se a sustentar em si mesmo uma disciplina difĂ­cil. Ao amparo do princĂ­pio liberal e da norma jurĂ­dica podiam atuar e viver as minorias. Democracia e Lei, convivĂȘncia legal, eram sinĂłnimos. Hoje assistimos ao triunfo de uma hiperdemocracia em que a massa actua directamente sem lei, por meio de pressĂ”es materiais, impondo suas aspiraçÔes e seus gostos.
É falso interpretar as situaçÔes novas como se a massa se houvesse cansado da polĂ­tica e encarregasse a pessoas especiais o seu exercĂ­cio. Pelo contrĂĄrio. Isso era o que antes acontecia, isso era a democracia liberal. A massa presumia que,

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O Homem-Massa

Numa boa ordenação das coisas pĂșblicas, a massa Ă© o que nĂŁo actua por si mesma. Tal Ă© a sua missĂŁo. Veio ao mundo para ser dirigida, influĂ­da, representada, organizada – atĂ© para deixar de ser massa, ou, pelo menos, aspirar a isso. Mas nĂŁo veio ao mundo para fazer tudo isso por si. Necessita referir a sua vida Ă  instĂąncia superior, constituĂ­da pelas minorias excelentes. Discuta-se quanto se queira quem sĂŁo os homens excelentes; mas que sem eles – sejam uns ou outros – a humanidade nĂŁo existiria no que tem de mais essencial, Ă© coisa sobre a qual convĂ©m que nĂŁo haja dĂșvida alguma, embora leve a Europa todo um sĂ©culo a meter a cabeça debaixo da asa, ao modo dos estrĂșcios para ver se consegue nĂŁo ver tĂŁo radiante evidĂȘncia. Porque nĂŁo se trata de uma opiniĂŁo fundada em factos mais ou menos frequentes e provĂĄveis, mas numa lei da «fĂ­sica» social, muito mais incomovĂ­vel que as leis da fĂ­sica de Newton. No dia em que volte a imperar na Europa uma autĂȘntica filosofia – Ășnica coisa que pode salvĂĄ-la –, compreender-se-ĂĄ que o homem Ă©, tenha ou nĂŁo vontade disso, um ser constitutivamente forçado a procurar uma instĂąncia superior.

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