A Visita do PrĂncipe
NĂŁo sei nunca o que me trazem as palavras, elas gostam tanto de me surpreender. Hoje ao levantar da nĂ©voa trouxeram-me a casa sobre o rio, o terraço escassamente iluminado por um lampeĂŁo que balançava ao vento, o pequeno sapo que todas as noites, rente ao muro, se ia aproximando, depositário de tudo o que nesse tempo em mim se confundia com a ternura. Pequeno prĂncipe da vadiagem, por ali se quedava sem outro ofĂcio que nĂŁo fosse o de receber alguma carĂcia, sĂł depois regressando por entre a humidade das pedras aos pântanos da sombra, a noite inteira nos olhos desmedidos.
Textos sobre OfĂcio de EugĂ©nio de Andrade
2 resultados Textos de ofĂcio de EugĂ©nio de Andrade. Leia este e outros textos de EugĂ©nio de Andrade em Poetris.
As Nuvens
Hei-de aprender um ofĂcio de que goste, há tĂŁo poucos, talvez carpinteiro, ou pedreiro. Construiria uma casa neste chĂŁo de areia com pedras hĂşmidas, lisas ou cheias de limos, frias, sĂŁo tĂŁo bonitas, com seus veios cruzando-se, ou afastando-se de costas uns para os outros. Havia de meter-me por esses miĂşdos caminhos de chibas para ver, ao fim da tarde, chegar os saltimbancos em toda a sua glĂłria, que me apontam as nuvens lentas, muito brancas, afastando-se.