A DĂĄdiva da EvidĂȘncia de Si

Que havia, pois, mais para a vida, para responder ao seu desafio de milagre e de vazio, do que vivĂȘ-la no imediato, na execução absoluta do seu apelo? Eliminar o desejo dos outros para exaltar o nosso. Queimar no dia-a-dia os restos de ontem. Ser sĂł abertura para amanhĂŁ. A vida real nĂŁo eram as leis dos outros e a sua sanção e o seu teimoso estabelecimento de uma comunidade para o furor de uma plenitude solitĂĄria. O absoluto da vida, a resposta fechada para o seu fechado desafio sĂł podia revelar-se e executar-se na uniĂŁo total com nĂłs mesmos, com as forças derradeiras que nos trazem de pĂ© e sĂŁo nĂłs e exigem realizar-se atĂ© ao esgotamento. Este «eu» solitĂĄrio que achamos nos instantes de solidĂŁo final, se ninguĂ©m o pode conhecer, como pode alguĂ©m julgĂĄ-lo? E de que serve esse «eu» e a sua descoberta, se o condenamos Ă  prisĂŁo? SabĂȘ-lo Ă© afirmĂĄ-lo! ReconhecĂȘ-lo Ă© dar-lhe razĂŁo. Que ignore isso o que ignora que Ă©. Que o despreze e o amordace o que vive no dia-a-dia animal. Mas quem teve a dĂĄdiva da evidĂȘncia de si, como condenar-se a si ao silĂȘncio prisional? NinguĂ©m pode pagar, nada pode pagar a gratuitidade deste milagre de sermos.

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