Textos sobre Roupas de Michel de Montaigne

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Textos de roupas de Michel de Montaigne. Leia este e outros textos de Michel de Montaigne em Poetris.

Contente Está Quem Assim se Julga de si Mesmo

A abastança e a indigência dependem da opinião de cada um; e a riqueza não mais do que a glória, do que a saúde têm tanto de beleza e de prazer quanto lhes atribui quem as possui. Cada qual está bem ou mal conforme assim se achar. Contente está não quem assim julgamos, mas quem assim julga de si mesmo. E apenas com isso a crença assume essência e verdade.
A fortuna não nos faz nem bem nem mal: somente nos oferece a matéria e a semente de ambos, que a nossa alma, mais poderosa que ela, transforma e aplica como lhe apraz – causa única e senhora da sua condição feliz ou infeliz.
Os acréscimos externos tomam a cor e o sabor da constituição interna, como as roupas que nos aquecem não com o calor delas e sim com o nosso, que a elas cabe proteger e alimentar; quem abrigasse um corpo frio prestaria o mesmo serviço para a frialdade: assim se conservam a neve e o gelo.
É certo que, exactamente como o estudo serve de tormento para um preguiçoso, a abstinência do vinho para um alcoólatra, a frugalidade é suplício para o luxorioso e o exercício incomoda um homem delicado e ocioso;

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A Eterna Instabilidade

O pior que vejo no nosso estado é a instabilidade, e que as nossas leis, não mais que as nossas roupas, não possam assumir uma forma fixa. É muito fácil acusar de imperfeição um governo, pois todas as coisas mortais estão repletas dela; é muito fácil gerar num povo o menosprezo pelas suas observâncias antigas: jamais homem algum empreendeu isso sem obter sucesso; mas restabelecer um estado melhor no lugar daquele que foi posto em ruína, isso muitos cansaram de esperar, entre os que haviam tentado.