A Cura pelo Tédio
Sempre que fores atingido pelo tĂ©dio, deixa-te ser esmagado por este; submerge, bate no fundo. Em geral, com as coisas desagradáveis, a regra Ă©: quanto mais cedo bateres no fundo, mais rápido voltas Ă tona. A ideia aqui Ă© teres logo uma visĂŁo completa do pior. A razĂŁo pela qual o tĂ©dio merece tal escrutĂnio Ă© que este representa tempo puro nĂŁo diluĂdo, de uma forma repetitiva, redundante e monĂłtona.
O tĂ©dio Ă© a tua janela para as propriedades do tempo, que tendemos a ignorar, necessário ao nosso equilĂbrio mental. É a tua janela para o infinito. Uma vez que esta janela se abra, nĂŁo a tentes fechar. Pelo contrário, abre-a completamente.
O tédio fala a linguagem do tempo, e ensina-te a mais importante lição da tua vida – a lição da tua total insignificância. E por isso é valioso, assim como para aqueles com quem esfregas os teus ombros. «Tu és finito», diz-te o tempo com uma voz de tédio, «e qualquer coisa que faças é, do meu ponto de vista, fútil». Como música para os teus ouvidos, claro, não deve contar; contudo, o sentimento de inutilidade, da importância limitada mesmo das tuas melhores, mais ardentes acções,
Textos sobre Sentimentos de Joseph Brodsky
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