A Subfelicidade
O que mais dĂłi nĂŁo Ă© â desengana-te â a infelicidade. A infelicidade dĂłi. Magoa. Martiriza. Ă intensa; faz gritar, sofrer, saltar, chorar. Mas a infelicidade nĂŁo Ă© o que mais dĂłi. A infelicidade Ă© infeliz â mas nĂŁo Ă© o que mais dĂłi.
O que mais dĂłi Ă© a subfelicidade. A felicidade mais ou menos, a felicidade que nĂŁo se faz felicidade, que fica sempre a meio de se ser. A quase felicidade. A subfelicidade nĂŁo magoa â vai magoando; a subfelicidade nĂŁo martiriza â vai martirizando. NĂŁo Ă© intensa â mas Ă© imensa; faz gritar, sofrer, saltar, chorar â mas em silĂȘncio, em surdina, em anonimato. Como se nĂŁo fosse. Mas Ă©: a subfelicidade Ă©. A subfelicidade faz-te ficar refĂ©m do que tens â mas nem assim te impede de te sentires apeado do que nĂŁo tens e gostarias de ter. Do que estĂĄ ali, sempre ali, sempre Ă mĂŁo de semear â e que, mesmo assim, nunca consegues tocar. A subfelicidade Ă© o piso -1 da felicidade. E nĂŁo hĂĄ elevador algum que te leve a subir de piso. Tens de ser tu a pegar nas tuas perninhas e a subir as escadas. Anda daĂ.
Textos sobre SilĂȘncio de Pedro Chagas Freitas
2 resultadosAperta-me para Sempre
O dia adormece-me debaixo dos olhos, e as tuas mãos são a pele que Deus escolheu para tocar o mundo; não existe nenhum lugar mais divino do que o teu beijo, e quando quero voar deito-me a teus pés.
Peço-te que nĂŁo vĂĄs, que fiques apenas para eu ficar, que permaneças no teu lado da cama, e eu no meu, a sentirmos que o tempo corre, e podes atĂ© adormecer, podes ler a revista das mulheres das passadeiras vermelhas e os homens com os abdominais que ninguĂ©m tem, ou simplesmente olhar o tecto e pensar em ti; eu fico aqui, a olhar-te para saber que existo, a pensar no quanto te quero e no tamanho que tem o teu corpo dentro do meu. Saber que hĂĄ a curva das tuas costas para encontrar a curva da vida, percorrer com os olhos o cair do teu suor, e perceber a eternidade possĂvel.
A imortalidade Ă© um orgasmo contigo.
Gemes atĂ© ao fim do mundo por dentro dos meus ouvidos, todo o meu corpo se vem quando estĂĄs a chegar, e a verdade do universo Ă© a fĂsica exĂgua do espaço entre nĂłs. Aperta-me para sempre atĂ© ao princĂpio dos ossos,