O Homem ao Serviço dos Objectos
ProĂbo aos comerciantes que gabem de mais as mercadorias. Eles tĂȘm tendĂȘncia a tornar-se pedagogos e mostram-te como fim aquilo que por essĂȘncia nĂŁo passa de um meio. Depois de assim te enganarem sobre o caminho a seguir, pouco falta para te perverterem. Se a mĂșsica deles Ă© vulgar, para ta vender, nĂŁo hesitarĂŁo em te fabricar uma alma vulgar. Ora, se Ă© bom que se alicercem os objectos para servir os homens, seria monstruoso que se exigissem alicerces aos homens para servir de caixote do lixo aos objectos.
Textos sobre Vulgar de Antoine de Saint-Exupéry
2 resultadosAbraça o ConteĂșdo e NĂŁo a Forma
Ăs vezes o homem repudia a mulher, ou a mulher muda de amante, por se ter desiludido. ConsequĂȘncias do comportamento leviano quer de um quer do outro. Porque sĂł Ă© possĂvel amar atravĂ©s da mulher e nĂŁo a mulher. AtravĂ©s do poema e nĂŁo o poema. AtravĂ©s da paisagem entrevista do alto das montanhas. E a licenciosidade nasce da angĂșstia de nĂŁo se conseguir ser. Quando uma pessoa anda com insĂłnias, volta-se e torna-se a voltar na cama, Ă procura do fresco ombro do leito. Mas basta tocĂĄ-lo, para ele se tornar tĂ©pido e recusar-se. E ele procura noutro sĂtio uma fonte durĂĄvel de frescura. Mas nĂŁo consegue dar com ela, porque mal lhe toca a provisĂŁo esvai-se.
O mesmo se passa com aquele ou com aquela que se fica no vazio dos seres. NĂŁo passam de vazios os seres que nĂŁo sĂŁo janelas ou frestas para Deus. Ă por isso que, no amor vulgar, sĂł amas o que te foge. De outra maneira, vĂȘs-te saciado e descoroçoado com a tua satisfação.