Passagens sobre Cipreste

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No amor, fiquem juntos, mas nĂŁo tĂŁo juntos, pois os pilares do templo ficam bastantes afastados e o carvalho e o cipreste nĂŁo crescem um na sombra do outro.

Doente

Que negro mal o meu! estou cada vez mais rouco!
Fogem de mim com asco as virgens d’olhar cálido…
E os velhos, quando passo, vendo-me tão pálido,
Comentam entre si: – coitado, está por pouco!…

Por isso tenho Ăłdio a quem tiver saĂşde,
Por isso tenho raiva a quem viver ditoso,
E, odiando toda a gente, eu amo o tuberculoso.
E sĂł estou contente ouvindo um alaĂşde.

Cada vez que me estudo encontro-me diferente,
Quando olham para mim é certo que estremeço;
E vai, pensando bem, sou, como toda a gente,
O contrário talvez daquilo que pareço…

EspĂ­rito irrequieto, fantasia ardente,
Adoro como Poe as doidas criações,
E se nĂŁo bebo absinto Ă© porque estou doente,
Que eu tenho como ele horror às multidões.

E amando doudamente as formas incompletas
Que Ă s vezes nĂŁo consigo, enfim, realizar,
Eu sinto-me banal ao pé dos mais poetas,
E, achando-me incapaz, deixo de trabalhar…

São filhos do meu tédio e duma dor qualquer
Meus sonhos de neurose horrivelmente histéricos
Como as larvas ruins dos corpos cadavéricos,

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Elegia de Natal

Era também de noite    Era também Dezembro
Vieram-me dizer que o meu irmĂŁo nascera
Já não sei afinal se o recordo ou se penso
que estou a recordá-lo à força de o dizerem

Mas o teu berço foi o primeiro presépio
em que pouco depois o meu olhar pousava
Não era mais real do que existirem prédios
nem menos irreal do que haver madrugadas

Dezembro retornava e nunca soube ao certo
se o intruso era eu se o intruso eras tu
Quase aceitava até que alguém te supusesse
mais do que meu irmão um gémeo de Jesus

Para ti se encenava o palco da surpresa
Entravas no papel de que eu ia descrendo
Mas sabia-me bem salvar a tua crença
E era sempre de noite    Era sempre em Dezembro

Entretanto em que mĂŞs em que dia Ă© que estamos
Que verdete corrói prédios e madrugadas
De que muro retiro o musgo desses anos
que entre os dedos depois se me desfaz em água

Para onde levaste a criança que foste
Em vez da tua voz que ciprestes sĂŁo estes
Como dizer Natal se te nĂŁo vejo hoje
Como dizer Natal agora que morreste