Passagens sobre Naus

47 resultados
Frases sobre naus, poemas sobre naus e outras passagens sobre naus para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Ă€ Fragilidade da Vida Humana

Esse baixel nas praias derrotado
Foi nas ondas Narciso presumido;
Esse farol nos céus escurecido
Foi do monte libré, gala do prado.

Esse nácar em cinzas desatado
Foi vistoso pavĂŁo de Abril florido;
Esse estio em vesĂşvios encendido
Foi ZĂ©firo suave em doce agrado.

Se a nau, o sol, a rosa, a Primavera
Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel
Sentem nos auges de um alento vago,

Olha, cego imortal, e considera
Que Ă©s rosa, primavera, sol, baixel,
Para ser cinza, eclipse, incĂŞndio, estrago.

Mortos, Ainda Morremos

O rastro breve que das ervas moles
Ergue o pé findo, o eco que oco coa,
A sombra que se adumbra,
O branco que a nau larga —

Nem maior nem melhor deixa a alma Ă s almas,
O ido aos indos. A lembrança esquece,
Mortos, inda morremos.
LĂ­dia, somos sĂł nossos.

O Mar, A Escada E O Homem

“Olha agora, mamĂ­fero inferior,
“A luz da epicurista ataraxia,
“O fracasso de tua geografia
“E de teu escafandro esmiuçador!

“Ah! jamais saberás ser superior,
“Homem, a mim, conquanto ainda hoje em dia,
“Com a ampla hĂ©lice auxiliar com que outrora ia
“Voando ao vento o vastĂ­ssimo vapor,

“Rasgue a água hĂłrrida a nau árdega e singre-me!”
E a verticalidade da Escada Ă­ngreme:
“Homem, já transpuseste os meus degraus?!”

E Augusto, o Hércules, o Homem, aos soluços,
Ouvindo a Escada e o Mar, caiu de bruços
No pandemĂ´nio aterrador do Caos!

As Sete Penas do Amor Errante

Eu nĂŁo sei se os teus olhos se gaivotas
mas era o mar e a Índia já perdida
as ilhas e o azul o longe e as rotas
minha vida em pedaços repartida.

Eu nĂŁo sei se o teu rosto se um navio
mas era o Tejo a mágoa a brisa o cais
meu amor a partir-se Ă  beira-rio
em uma nau chamada nunca mais.

Eu nĂŁo sei se os teus dedos se as amarras
mas era algo que partia e que
ficava. Ou talvez cordas de guitarras
Ăł meu amor de embarque desembarque.

Eu nĂŁo sei se era amor ou se loucura
mas era ainda o verbo descobrir
Ăł meu amor de risco e de aventura
não sei se Ceuta ou Alcácer Quibir.

Eu nĂŁo sei se era perto se distante
mas era ainda o mar desconhecido
ou Camões a penar por Violante
as sete penas do amor proibido.

Eu nĂŁo sei se ventura se castigo
mas era ainda o sangue e a memĂłria
talvez o Ăşltimo cantar de amigo
amor de perdição amor de glória.

Continue lendo…

Ă€ Vaidade do Mundo

É a vaidade, Fábio, desta vida
Rosa que na manhĂŁ lisonjeada
Púrpuras mil com ambição coroada
Airosa rompe, arrasta presumida;

É planta que de Abril favorecida
Por mares de soberba desatada,
Florida galera empavezada,
Surca ufana, navega destemida;

É nau, enfim, que em breve ligeireza,
Com presunção de fénix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza.

Mas ser planta, rosa e nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

Elogio da Desconhecida

Ela. Seus braços vencidos,
Naus em procura do mar,
Caminhos brancos, compridos,
Que conduzem ao luar.

Se ao meu pescoço os enrola
Eu julgo, com alegria,
Que trago ao pescoço o dia
Como se fosse uma gola.

O Luar, lâmpada acesa
Pra alumiar Ă  princesa
Que em meus olhos causa alarde.

E o dia, longe, esquecido,
É um lençol estendido
Numa janela da Tarde.

Soneto XXVII

Enfim que me cortais o fio leve
Que me tecia em vão minha esperança,
Quanto me prometeu, quão pouco alcança,
De quĂŁo larga me foi quanto hoje Ă© breve,

C’um doce engano um tempo me deteve.
Guardou-me para agora esta mudança,
Mas não me mudará da segurança
Que meu amor a vossos olhos deve.

Mas ai fermosos olhos que tornastes
Descubrir-me esta noite essa lux vossa,
Qual Lua Ă  nau que lida em bravo pego.

Mas nĂŁo seja essa lux que me mostrastes
Só porque ver o meu naufrágio possa,
Que Ă© menor o pirigo a quem vai cego.