Poemas sobre Arrependimento

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Poemas de arrependimento escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Desaparecido

Sempre que leio nos jornais:
«De casa de seus pais desapar’ceu…»
Embora sejam outros os sinais,
Suponho sempre que sou eu.

Eu, verdadeiramente jovem,
Que por caminhos meus e naturais,
Do meu veleiro, que ora os outros movem,
Pudesse ser o prĂłprio arrais.

Eu, que tentasse errado norte;
Vencido, embora, por contrĂĄrio vento,
Mas desprezasse, consciente e forte,
O porto do arrependimento.

Eu, que pudesse, enfim, ser eu!
– Livre o instinto, em vez de coagido.
«De casa de seus pais desaparceu…»
Eu, o feliz desapar’cido!

Peso do Mundo

A poesia nĂŁo Ă©, nunca foi
uma enumeração ou composto
de exuberĂąncia, bondade,
altitude, nem arado
ou dĂĄdiva sobre chĂŁo
prenhe de mortos.

Nem o arrependimento
de Deus por ter criado o homem
com o rosto da sua memĂłria,
ao lado dos seus vermes.

TĂŁo-pouco fĂŽlego dos que amam
abrindo a porta lĂ­mpida
do corpo e chovendo sobre a terra,
ou carregam como tartarugas
o peso do mundo.

Nem reverĂȘncia por um tigre,
pela leveza maligna de todas as patas,
pela sonolĂȘncia junto Ă  estirpe
aprisionada também
na dureza de ser tigre.

É o milagre de uma arma
total, de uma sĂł palavra
reduzindo o ĂĄtomo Ă  completa inocĂȘncia.

arte poética

o poema nĂŁo tem mais que o som do seu sentido,
a letra p nĂŁo Ă© a primeira letra da palavra poema,
o poema Ă© esculpido de sentidos e essa Ă© a sua forma,
poema nĂŁo se lĂȘ poema, lĂȘ-se pĂŁo ou flor, lĂȘ-se erva
fresca e os teus lĂĄbios, lĂȘ-se sorriso estendido em mil
ĂĄrvores ou cĂ©u de punhais, ameaça, lĂȘ-se medo e procura
de cegos, lĂȘ-se mĂŁo de criança ou tu, mĂŁe, que dormes
e me fizeste nascer de ti para ser palavras que nĂŁo
se escrevem, LĂȘ-se paĂ­s e mar e cĂ©u esquecido e
memĂłria, lĂȘ-se silĂȘncio, sim tantas vezes, poema lĂȘ-se silĂȘncio,
lugar que nĂŁo se diz e que significa, silĂȘncio do teu
olhar doce de menina, silĂȘncio ao domingo entre as conversas,
silĂȘncio depois de um beijo ou de uma flor desmedida, silĂȘncio
de ti, pai, que morreste em tudo para sĂł existires nesse poema
calado, quem o pode negar?, que escreves sempre e sempre, em
segredo, dentro de mim e dentro de todos os que te sofrem.
o poema nĂŁo Ă© esta caneta de tinta preta, nĂŁo Ă© esta voz,

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