Poemas sobre Dia de Bernardim Ribeiro

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Poemas de dia de Bernardim Ribeiro. Leia este e outros poemas de Bernardim Ribeiro em Poetris.

Debaixo Minha Vontade

(Sextina)

Ontem p么s-se o sol, e a noute
cobriu de sombra esta terra.
Agora 茅 j谩 outro dia,
tudo torna, torna o sol;
s贸 foi a minha vontade
para n茫o tornar co tempo!

Todalas cousas, per tempo,
passam como dia e noute.
Uma s贸, minha vontade,
n茫o, que a dor comigo a aterra;
nela cuido enquanto h谩 sol,
nela em quanto n茫o h谩 dia.

Mal quero per um s贸 dia
a todo o outro dia e tempo,
que a mim p么s-se-me o sol
onde eu s贸 temia a noute;
tenho a mim sobre a terra,
debaixo minha vontade.

Dentro da minha vontade
n茫o h谩 momento do dia
que n茫o seja tudo terra;
ora ponho a culpa ao tempo,
ora a torno a p么r 脿 noute.
No melhor p么s-se-me o sol!

Primeiro n茫o haver谩 sol
que eu descanse na vontade.
P么s-se-me uma escura noute
sobre a lembran莽a de um dia,
inda mal, porque houve tempo
e porque tudo foi terra.

Haver de ser tudo terra
quanto h谩 debaixo do sol,

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Pensando-vos Estou, Filha

Pensando-vos estou, filha;
vossa m茫e me est谩 lembrando;
enchem-se-me os olhos d’谩gua,
nela vos estou lavando.
Nascestes, filha, entre m谩goa,
para bem inda vos seja,
que no vosso nascimento
vos houve a fortuna inveja.
Morto era o contentamento,
nenhuma alegria ouvistes;
vossa m茫e era finida,
n贸s outros 茅ramos tristes.
Nada em dor, em dor crescida,
n茫o sei onde isto h谩 de ir ter;
vejo-vos, filha, formosa,
com olhos verdes crescer.
N茫o era esta gra莽a vossa
para nascer em desterro;
mal haja a desaventura
que p么s mais nisto que o erro.
Tinha aqui sua sepultura
vossa m茫e, e a m谩goa a n贸s;
n茫o 茅reis v贸s, filha, n茫o,
para morrerem por v贸s.
N茫o houve em fados raz茫o,
nem se consentem rogar;
de vosso pai hei mor d贸,
que de si se h谩 de queixar.
Eu vos ouvi a v贸s s贸,
primeiro que outrem ningu茅m;
n茫o f么reis v贸s se eu n茫o fora;
n茫o sei se fiz mal, se bem.
Mas n茫o pode ser, senhora,
para mal nenhum nascentes,
com este riso gracioso
que tendes sobr鈥檕lhos verdes.

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Cantar 脿 Maneira de Solao

Pensando-vos estou, filha,
vossa m茫i me est谩 lembrando;
enchem-se-me os olhos d’谩goa,
nela vos estou lavando.
Nascestes, filha, antre m谩goa,
para bem inda vos seja,
que no vosso nascimento
vos houve a furtuna enveja.
Morto era o contentamento,
nenh眉a alegria ouvistes:
vossa m茫i era finada,
n贸s outras 茅ramos tristes.
Nada em dor, em dor criada,
n茫o sei onde isto h谩-d’ir ter;
vejo-vos, filha, fermosa
c’os olhos verdes crecer.
N茫o era esta gra莽a vossa
para nacer em desterro,
mal haja a desaventura
que p么s mais nisto que o erro!

Tinha aqui sua sepultura
vossa m茫i, e a m谩goa n贸s;
n茫o 茅reis v贸s, filha, n茫o,
para morrerem por v贸s.
N茫o houve em fados raz茫o,
nem se consente rogar;
de vosso pai hei mor d贸,
que de si s’h谩-de queixar.

Eu vos ouvi a v贸s s贸
primeiro que outrem ningu茅m,
n茫o f么reis v贸s se eu n茫o fora,
n茫o sei se fiz mal, se bem.

Mas n茫o pode ser, senhora,
para mal nenhum nacerdes,
com este riso gracioso
que tendes sobr’olhos verdes.

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Ontem P么s-se o Sol

Ontem p么s-se o sol, e a noute
cobriu de sombra esta terra.
Agora 茅 j谩 outro dia,
tudo torna, torna o sol;
s贸 foi a minha vontade,
para n茫o tornar c鈥檕 tempo!

T么dalas cousas, per tempo,
passam, como dia e noute;
ua s贸, minha vontade,
n茫o, que a dor comigo a aterra;
nela cuido em quanto h谩 sol,
nela enquanto n茫o h谩 dia.

Mal quero per um s贸 dia
a todo outro dia e tempo,
que a mim p么s-se-me o sol
onde eu s贸 temia a noute;
tenho a mim s么bre a terra,
debaxo minha vontade.

Dentro na minha vontade
n茫o h谩 momento do dia
que n茫o seja tudo terra;
ora ponho a culpa ao tempo,
ora a torno a p么r 脿 noute:
no milhor pon-se-me o sol!

Primeiro n茫o haver谩 sol
que eu descanse na vontade.
Pon-se-me ua escura noute
s么bre a lembran莽a de um dia…
Inda mal porque houve tempo
e porque tudo foi terra.

Haver de ser tudo terra
quanto h谩 debaixo do sol
me descansa,

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Lembre-vos qu茫o sem Mudan莽a

Lembre-vos qu茫o sem mudan莽a,
Senhora, 茅 meu querer,
perdida toda esperan莽a;
e de mim vossa lembran莽a
nunca se pode perder.
Lembre-vos qu茫o sem por qu锚
desconhecido me vejo;
e, com tudo, minha f茅
sempre com vossa merc锚,
com mais crecido desejo.

Lembre-vos que se passaram
muitos tempos, muitos dias,
todos meus bens se acabaram,
com tudo, nunca mudaram;
querer-vos, minhas porfias.
Lembre-vos quanta rez茫o
tive pera esquecer-vos,
e sempre meu cora莽茫o,
quanto menos galard茫o,
tanto mais firme em querer-vos.

Lembre-vos que, sem mudar
o querer desta vontade,
me haveis sempre de lembrar,
t茅 de todo me acabar,
v贸s e vossa saudade.
Lembre-vos como pagais
o tempo que me deveis,
olhai qu茫o mal me tratais:
Sam o que vos quero mais,
o que menos v贸s quereis.

Lembre-vos tempo passado,
n茫o porque de lembrar seja,
mas vereis qu茫o magoado
devo de ser c鈥檕 cuidado
do que minha alma deseja.
Lembre-vos minha firmeza,
de v贸s t茫o desconhecida,
lembre-vos vossa crueza,
junta com minha tristeza,

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