Poemas sobre Dia de LuĂ­s Represas

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Poemas de dia de LuĂ­s Represas. Leia este e outros poemas de LuĂ­s Represas em Poetris.

Pedra no charco

Caiu uma pedra no charco,
caiu um penedo no rio,
caiu mais um cabo da boa esperança no mar,
p’rá gente se agarrar.

Deixámos de ver as nuvens
que nos tapavam o céu,
pudemos sentir de perto a meiguice do tempo
onde a gente se escondeu.

É que hoje
nasceu mais um dia.
É que hoje
nasceu mais alguém.
É que hoje
nasceu um poeta na serra com a estrela da manhĂŁ.

Foi quando os lobos uivaram,
foi quando o lince miou,
as ovelhas nĂŁo tinham fome
e a alcateia repousou.

E entre os uivos e os miados
o poeta abriu o choro.
E entre os vales e os cabeços,
cavalgando uma alcateia
o poema deslizou.

Namoro II

Ai se eu disser que as tremuras
Me dĂŁo nas pernas, e as loucuras
Fazem esquecer-me dos prantos
Pensar em juras

Ai se eu disser que foi feitiço
Que fez na saia dar ventania
Mostrar-me coisas tĂŁo belas
Ter fantasia
E sonhar com aquele encontro
Sonhar que nĂŁo diz que nĂŁo

Tem um jeito de senhora
E um olhar desmascarado
De céu negro ou céu estrelado, ou Sol
Daquele que a gente sabe.
O seu balanço gingado
Tem os mistérios do mar
E a certeza do caminho certo
que tem a estrela polar.

Não sei se faça convite
E se quebre a tradição
Ou se lhe mande uma carta
Como ouvi numa canção
SĂł sei que o calor aperta
E ainda nĂŁo estamos no verĂŁo.

Quanto mais o tempo passa
Mais me afasto da razĂŁo
E ela insiste no passeio Ă  tarde
Em tom de provocação
Até que num dia feriado
P’ra curtir a solidĂŁo
Fui consumir as tristezas
P’rĂł baile do Sr. JoĂŁo

NĂŁo sei se foi por magia
Ou seria maldição
Dei por mim rodopiando
Bem no meio do salĂŁo
Acabei no tal convite
Em jeito de confissĂŁo
E a resposta foi tĂŁo doce
Que a beijei com emoção
SĂł que a malta nĂŁo gritou
Como ouvi numa canção

Fizeram os dias assim

Por mais que larguem os braços
Por mais que soltem amarras
E que se tapem as covas

Por mais que rasguem os quadros
Por mais que queimem as leis
E que os costumes esmoreçam

Por mais que arrasem as feras
E que os papões arrefeçam
E que as bruxas se convertam

Por mais que riam as caras
E que ternura se esqueça
Por mais que o amor prevaleça
VocĂŞs
Fizeram os dias assim!

NĂŁo nos venham pedir contas
NĂŁo venham pĂ´r-nos regras
Sabemos que os nossos dias
NĂŁo vĂŁo ser gastos assim!