Poemas de Diogo Bernardes

3 resultados
Poemas de Diogo Bernardes. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

Já não posso ser contente

Já não posso ser contente,
Tenho a esperança perdida,
Ando perdido entre a gente,
Nem morro, nem tenho vida.

Prazeres que tenho visto
Onde se foram, que Ă© deles,
Fora-se a vida com eles
NĂŁo ma vira agora nisto,
Vejo-me andar entre a gente
Como coisa esquecida,
Eu triste, outrém contente,
Eu sem vida, outrém com vida.

Vieram os desenganos,
Acabaram os receios;
Agora choro meus danos,
E mais choro bens alheios;
Passou o tempo contente,
E passou tĂŁo de corrida,
Que me deixou entre a gente
Sem esperança de vida.

Que Vistes Meus Olhos

ALHEIO

Que vistes meus olhos
Neste bem, que vistes
Que vos vejo tristes?

VOLTAS

As vossas lembranças
NĂŁo vos dĂŁo tormentos,
Nem levam os ventos
Vossas esperanças.
Não sei que mudanças
VĂłs de novo vistes,
Que vos vejo tristes.
Que dor ou que medos
Causam vossa dor?
Lágrimas d’amor
Descobrem segredos.
Eu vos via ledos;
VĂłs nĂŁo sei que vistes,
Que vos vejo tristes.

Horas Breves de Meu Contentamento

Horas breves de meu contentamento,
Nunca me pareceo, quando vos tinha,
Que vos visse tornadas tĂŁo asinha,
Em tĂŁo compridos dias de tormento.
Aquelas torres, que fundei no vento,
O vento as levou já, que as sostinha;
Do mal, que me ficou, a culpa Ă© minha,
Que sobre coisas vĂŁs fiz fundamento.
Amor, com rosto ledo e vista branda,
Promete quanto dele se deseja,
Tudo possĂ­vel faz, tudo segura;
Mas des que dentro n’alma reina e manda,
Como na minha fez, quer que se veja
QuĂŁo fugitivo Ă©, quĂŁo pouco dura.