Poemas sobre Divino de Ant贸nio Nobre

2 resultados
Poemas de divino de Ant贸nio Nobre. Leia este e outros poemas de Ant贸nio Nobre em Poetris.

Certa Velhinha

1

Al茅m, na tapada das Quatorze Cruzes,
Que triste velhinha que vae a passar!
N茫o leva candeia; hoje, o c茅u n茫o tem luzes…
Cautella, velhinha, n茫o v谩s trope莽ar!

Os ventos entoam cantigas funestas,
Relampagos tingem de vermelho o Azul!
Aonde ir谩 ella, n’uma noite d’estas,
Com vento da Barra puxado do sul?

Aonde ir谩 ella, pastores! boieiras!
Aonde ir谩 ella, n’uma noite assim?
Se for un phantasma, fazei-lhe fogueiras,
Se for uma bruxa, queimae-lhe alecrim!

Contava-me aquella que a tumba j谩 cerra,
Que Nossa Senhora, quando a chama alguem,
Escolhe estas noites p’ra descer 谩 Terra,
Porque em noites d’estas n茫o anda ninguem…

Al茅m, na tapada das Quatorze Cruzes,
Que linda velhinha que vem a passar!
E que olhos aquelles que parecem luzes!
Quaes velas accezas que a v锚m a guiar…

Que pobre capinha que leva de rastros,
T茫o velha, t茫o r么ta! Que triste viuvez!
Mas se lhe d谩 vento, meu Deus! tantos astros!
脡 o c茅u estrellado vestido do envez…

Seu alvo cabello, molhado das chuvas,
Parece uma vinha de luar em flor…

Continue lendo…

Males de Anto

A Ares n’uma aldeia

Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doen莽a era a minha,
Porque eram todas, eu sei l谩! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes n茫o ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, 谩s vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de Cam玫es!
Sei de c贸r e salteado as minhas afflic莽玫es:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os p茅s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgra莽as.
Andava, 谩 noite, s贸, bebia a noite 谩s ta莽as.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas m茫os… Perdoae-me,
Alde玫es! eu sei que v贸s sois puros. Desculpae-me.

Mas, atravez da minha dor,

Continue lendo…