Poemas sobre Guerra de Vitorino Nemésio

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Poemas de guerra de Vitorino Nemésio. Leia este e outros poemas de Vitorino Nemésio em Poetris.

Violada

PossuĂ­ram-te nas ervas,
Deitada ao comprido
Ou lívida a pé:
Do estupro conservas
O sangue e o gemido
Na morte da fé.

Chegaste a cavalo
Trémula de espanto:
Esperavas levĂĄ-lo
Com modos de amor:
O fĂĄtum, num canto,
Violento ceifou-te
O pĂșbis em flor:
Dou-te
O acalanto
Mas nĂŁo hĂĄ palavras
Para tal horror!

Vem ainda em cĂłs, mulher,
Limpa as tuas lågrimas no meu lenço:
Nem pela dor sequer
Eu te pertenço.

O cavalo fugiu,
Deixou-te em fogo a fralda:
Que malfeliz RoldĂŁo
Para tal Alda!
Ao frio, ao frio,
Tinta de ti Ă© a ĂĄgua e sangue o chĂŁo.

Ponta Delgada a arder
Do prĂłprio pejo, quis
Em verde converter
O incĂȘndio do teu pĂșbis.

Mulher, nĂŁo me dĂȘs guerra,
Oh trĂĄgica enganada:
Tu és a minha terra
Na carne devastada
Como a Ilha queimada.

Quando Toda és Terra a Terra

Marga, teu busto tufa,
Dois gomos e véus de ilhal
Palpitam palmo de gente
Nesse tefe-tefe igual
E hĂĄ qualquer coisa de ardente
Que se endireita e que rufa
Nem tambor a general.

Marga, teu peitinho estringes,
Toca a quebrados na praça
De armas que empunham rapazes
De guarda a uma egĂ­pcia esfinge,
E um vento de guerra passa
E o pau da bandeira ringe
Antes de fazer as pazes.

Marga, que deusa de guerra,
A MiosĂłtis se interpĂŽs
Quando toda és terra a terra
CĂĄlice de rododendro
Zango nunca em ti se pĂŽs
Em estames senĂŁo tremendo…