Poemas sobre Hoje de Filinto ElĂ­sio

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Poemas de hoje de Filinto ElĂ­sio. Leia este e outros poemas de Filinto ElĂ­sio em Poetris.

Ode Ă  Amizade

Se depois do infortĂşnio de nascermos
Escravos da Doença e dos Pesares
Alvos de Invejas, alvos de CalĂşnias
Mostrando-nos a campa
A cada passo aberta o Mar e a Terra;
Um raio despedido, fuzilando
Terror e morte, no rasgar das nuvens
O tenebroso seio
A Divina Amizade nĂŁo viera
Com piedosa mĂŁo limpar o pranto,
Embotar com dulcĂ­ssono conforto
As lanças da Amargura;
O Sábio espedaçara os nós da vida
Mal que a RazĂŁo no espelho da ExperiĂŞncia
Lhe apontasse apinhados inimigos
C’o as cruas mĂŁos armadas;
Terna Amizade, em teu altar tranquilo
Ponho — por que hoje, e sempre arda perene
O vago coração, ludíbrio e jogo
Do zombador Tirano.
Amor me deu a vida: a vida enjeito,
Se a Amizade a nĂŁo doura, a nĂŁo afaga;
Se com mais fortes nĂłs, que a Natureza,
Lhe nĂŁo ata os instantes.
Que só ditosos são na aberta liça
Dois mortais, que nos braços da Amizade,
Estreitos se unem, bebem de teu seio
Nectárea valentia.
Tu cerceias o mal, o bem dilatas,
E as almas que cultivas cuidadosa,

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Desafogo

Onde estás, oh Filósofo indefesso
Pio sequaz da rĂ­gida Virtude,
TĂŁo terna a alheios, quanto a si severa?
Com que mágoa, com que ira olharas hoje
Desprezada dos homens, e esquecida
Aquela ânsia, que em nós pousou Natura
No âmago do peito, — de acudir-nos
Co’as forças, c’o talento, co’as riquezas
Ă€ pena, ao desamparo do homem justo!
Que (baldĂŁo da fortuna inĂ­qua) os Deuses
Puseram para símbolo do esforço,
Lutando a braços c’o áspero infortĂşnio?
Pedra de toque em que luzisse o ouro
De sua alma viril, onde encravassem
Seus farpões mais agudos as Desgraças,
E os peitos de virtude generosa
Desferissem poderes de árduo auxílio?
Que nunca os homens sĂŁo mais sobre-humanos
Mais comparados c’os sublimes Numes,
Que quando acodem com socorro activo,
NĂŁo manchado de sĂłrdido interesse,
Nem do fumo de frĂ­vola ufania;
Ou cheios de valor e de constância
Arrostam co’a medonha catadura
Da Desgraça, que apura iradas mágoas
Na casa nua do varĂŁo honesto.
Mas Grécia e Roma há muito que acabaram;
E as cinzas dos HerĂłis fortes e humanos,

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