Poemas de João Rui de Sousa

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Poemas de João Rui de Sousa. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

Ascensão

Beijava-te como se sobe uma escadaria:
pedra a pedra, do luminoso para o obscuro,
do mais visƭvel para o mais recƓndito
– atĆ© que os lĆ”bios fossem
não o ardor da sede, nem sequer a magia
da subida,
mas o tremor que é pétala do êxtase,
o lento desprender do sol do corpo
com o feliz quebranto dos meus dedos.

Corpo de Ambiguidade

posso e não posso ir-me noite fora
nestes pilares do medo desta dor
– Ć© quando os dedos ferem (nĆ£o se tocam)
Ć© quando hesito e coro

é quando vou não vou neste mergulho
em seco a imergir em pobre chão
de caos e flor e vinho e confusão

Ć© quando sem chorar me escondo e choro

TraƧo Escuro

Quando os dias sangram
e a parede branca Ć© conspurcada
com o carvão das brumas,
com o arquejar de quem, frƔgil, flutua
entre as vides do sol e o langor
das luas,
apago as luzes todas e o caminho
torna-se um traƧo escuro que ressoa.