Ascensão
Beijava-te como se sobe uma escadaria:
pedra a pedra, do luminoso para o obscuro,
do mais visĆvel para o mais recĆ“ndito
– atĆ© que os lĆ”bios fossem
não o ardor da sede, nem sequer a magia
da subida,
mas o tremor que é pétala do êxtase,
o lento desprender do sol do corpo
com o feliz quebranto dos meus dedos.
Poemas de João Rui de Sousa
3 resultados Poemas de João Rui de Sousa. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.
Corpo de Ambiguidade
posso e não posso ir-me noite fora
nestes pilares do medo desta dor
– Ć© quando os dedos ferem (nĆ£o se tocam)
é quando hesito e coroé quando vou não vou neste mergulho
em seco a imergir em pobre chão
de caos e flor e vinho e confusãoé quando sem chorar me escondo e choro
TraƧo Escuro
Quando os dias sangram
e a parede branca Ć© conspurcada
com o carvão das brumas,
com o arquejar de quem, frƔgil, flutua
entre as vides do sol e o langor
das luas,
apago as luzes todas e o caminho
torna-se um traƧo escuro que ressoa.