Poemas sobre Metades de Mário de Sá-Carneiro

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Poemas de metades de Mário de Sá-Carneiro. Leia este e outros poemas de Mário de Sá-Carneiro em Poetris.

Apoteose

Mastros quebrados, singro num mar d’Ouro
Dormindo fĂ´go, incerto, longemente…
Tudo se me igualou num sonho rente,
E em metade de mim hoje sĂł mĂłro…

SĂŁo tristezas de bronze as que inda choro –
Pilastras mortas, marmores ao Poente…
Lagearam-se-me as ânsias brancamente
Por claustros falsos onde nunca Ăłro…

Desci de mim. Dobrei o manto d’Astro,
Quebrei a taça de cristal e espanto,
Talhei em sombra o Oiro do meu rastro…

Findei… Horas-platina… Olor-brocado…
Luar-ânsia… Luz-perdĂŁo… Orquideas pranto…

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

– Ă“ pantanos de Mim – jardim estagnado…

Angulo

Aonde irei neste sem-fim perdido,
Neste mar Ă´co de certezas mortas? –
Fingidas, afinal, todas as portas
Que no dique julguei ter construido…

– Barcaças dos meus impetos tigrados,
Que oceano vos dormiram de SegrĂŞdo?
Partiste-vos, transportes encantados,
De embate, em alma ao rĂ´xo, a que rochĂŞdo?…

– Ă“ nau de festa, Ăł ruiva de aventura
Onde, em Champanhe, a minha ânsia ia,
Quebraste-vos também ou, por ventura,
Fundeaste a Ouro em portos d’alquimia?…

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Chegaram à baía os galeões
Com as sete Princesas que morreram.
Regatas de luar nĂŁo se correram…
As bandeiras velaram-se, orações…

Detive-me na ponte, debruçado,
Mas a ponte era falsa – e derradeira.
Segui no cais. O cais era abaulado,
Cais fingido sem mar á sua beira…

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