O Medo
Ningu茅m me roubar谩 algumas coisas,
nem acerca de elas saberei transigir;
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer s铆tio de tudo isto.脡 a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam eternamente a essa morte
como, im贸vel, ao cora莽茫o de um fruto.Serei capaz
de n茫o ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?
Poemas sobre Morte de Manuel Ant贸nio Pina
5 resultadosAlgumas Coisas
A morte e a vida morrem
e sob a sua eternidade fica
s贸 a mem贸ria do esquecimento de tudo;
tamb茅m o sil锚ncio de aquele que fala se calar谩.Quem fala de estas
coisas e de falar de elas
foge para o puro esquecimento
fora da cabe莽a e de si.O que existe falta
sob a eternidade;
saber 茅 esquecer, e
esta 茅 a sabedoria e o esquecimento.
Aos Filhos
J谩 nada nos pertence,
nem a nossa mis茅ria.
O que vos deixaremos
a v贸s o roubaremos.Toda a vida estivemos
sentados sobre a morte,
sobre a nossa pr贸pria morte!
Agora como morreremos?Estes s茫o tempos de
que n茫o ficar谩 mem贸ria,
alguma gl贸ria ter铆amos
f么ssemos ao menos infames.Compr谩mos e n茫o pag谩mos,
falt谩mos a encontros:
nem sequer quando err谩mos
fizemos grande coisa!
Chico
Talvez n茫o fosses forte
para a felicidade,
nem para o medo.Olha as pessoas felizes:
ocultam-se na felicidade
como em casa, erguemmuros, fecham as janelas,
o medo
茅 a sua fortaleza.O que disputam 脿 morte
茅 maior que elas,
a morte n茫o lhes basta.
Completas
A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante ju铆zes terr铆veis:
a morte, os amigos, os inimigos.E aqueles que me assaltam
脿 noite na solid茫o do quarto
refugiam-se em fundos s铆tios dentro de mim
quando de manh茫 o teu olhar ilumina o quarto.Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos dem贸nios da noite e das afli莽玫es do dia,
fala em voz alta, n茫o deixes que adorme莽a,
afasta de mim o pecado da infelicidade.