O Poema em que te Busco Ă© a Minha Rede

O poema em que te busco Ă© a minha rede,
Bem mais de borboletas que de peixes,
E Ă© o copo em que te bebo: morro Ă  sede
Mas ainda Ă©s margarida e nĂŁo-me-deixes
E muito mais, no enumerar das coisas:
Cordão de laço e corda de violino,
Saliva de verdade nalgum beijo,
E poisas
Como ave de aço em pão se não te vejo.
Mas onde mais real do céu me avisas
É nas tuas camisas,
Calças de cor no catre bem dobradas.
E Ă©s os meus pensamentos, se te ausentas,
Meu ciĂșme escuro como vinho em toalha;
E o branco circular das horas lentas
Que um perfurante amor lembrado espalha.
PÔe o penso no velo intercrural
Com um atilho vertical:
Rosa coberta esquiva
Quer a mĂŁo do desejo, quer
O conhecido cravo da agressĂŁo
Que estendo Ă s tuas formas de mulher,
Com esta soma e verbal percaução
De um fĂłnico doutor de Mompilher.