Poemas sobre Pinheiros de Natália Correia

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Poemas de pinheiros de Natália Correia. Leia este e outros poemas de Natália Correia em Poetris.

Poema Involuntário

Decididamente a palavra
quer entrar no poema e dispõe
com caligráfica raiva
do que o poeta no poema põe.

Entretanto o poema subsiste
informal em teus olhos talvez
mas perdido se em precisa palavra
significas o que vĂŞs.

Virtualmente teus cabelos sabem
se espalhando avencas no travesseiro
que se eu digo prodigiosos cabelos
as insĂłlitas flores que se abrem
nĂŁo tĂŞm sua cor nem seu cheiro.

Finalmente vejo-te e sei que o mar
o pinheiro a nuvem valem a pena
e Ă© assim que sem poetizar
se faz a si mesmo o poema.

Balada para um Homem na MultidĂŁo

Este homem que entre a multidĂŁo
enternece por vezes destacar
Ă© sempre o mesmo aqui ou no japĂŁo
a diferença é ele ignorar.

Muitos mortos foram necessários
para formar seus dentes um cabelo
vai movido por pés involuntários
e endoidece ser eu a percebĂŞ-lo.

Sentam-no à mesa de um café
num andaime ou sob um pinheiro
tanto faz desde que se esqueça
que é homem à espera que cresça
a árvore que dá dinheiro.

Alimentam-no do ar proibido
de um sonho que nĂŁo Ă© dele
nĂŁo tem mais que esse frasco de vidro
para fechar a estrela do norte.
E sĂł o seu corpo abolido
lhe pertence na hora da morte.