Poemas sobre Sono de Eugénio de Andrade

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Poemas de sono de Eugénio de Andrade. Leia este e outros poemas de Eugénio de Andrade em Poetris.

Desde a Aurora

Como um sol de polpa escura
para levar Ă  boca,
eis as mĂŁos:
procuram-te desde o chĂŁo,

entre os veios do sono
e da memĂłria procuram-te:
Ă  vertigem do ar
abrem as portas:

vai entrar o vento ou o violento
aroma de uma candeia,
e subitamente a ferida
recomeça a sangrar:

Ă© tempo de colher: a noite
iluminou-se bago a bago: vais surgir
para beber de um trago
como um grito contra o muro.

Sou eu, desde a aurora,
eu — a terra — que te procuro.

O SilĂȘncio

Quando a ternura
parece jĂĄ do seu ofĂ­cio fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram
nos meus navegação segura,

Ă© que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,

pelo silĂȘncio fascinadas.