Aos Poetas

Somos n贸s
As humanas cigarras.
N贸s,
Desde o tempo de Esopo conhecidos…
N贸s,
Pregui莽osos insectos perseguidos.

Somos n贸s os rid铆culos comparsas
Da f谩bula burguesa da formiga.
N贸s, a tribo faminta de ciganos
Que se abriga
Ao luar.
N贸s, que nunca passamos,
A passar…

Somos n贸s, e s贸 n贸s podemos ter
Asas sonoras.
Asas que em certas horas
Palpitam.
Asas que morrem, mas que ressuscitam
Da sepultura.
E que da planura
Da seara
Erguem a um campo de maior altura
A m茫o que s贸 altura semeara.

Por isso a v贸s, Poetas, eu levanto
A ta莽a fraternal deste meu canto,
E bebo em vossa honra o doce vinho
Da amizade e da paz.
Vinho que n茫o 茅 meu,
Mas sim do mosto que a beleza traz.

E vos digo e conjuro que canteis.
Que sejais menestr茅is
Duma gesta de amor universal.
Duma epopeia que n茫o tenha reis,
Mas homens de tamanho natural.

Homens de toda a terra sem fronteiras.
De todos os feitios e maneiras,

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