Ontologia do Amor

Tua carne é a graça tenra dos pomares
e abre-se teu ventre de uma a outra lua;
de teus prĂłprios seios descem dois luares
e desse luar vestida Ă© que ficas nua.

Ă‚nsia de voo em asas de ficar
de ti mesma sou o mar e o fundo.
Praia dos seres, quem te viajar
sĂł naufragando recupera o mundo.

Ritmo de céu, por quem és pergunta
de uma azul resposta que nĂŁo trazes junta
vitral de carne em catedral infinda.

Ter-te amor é já rezar-te, prece
de um imenso altar onde acontece
quem no próprio corpo é céu ainda.