Sonetos sobre Beijos de Pedro II do Brasil

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Sonetos de beijos de Pedro II do Brasil. Leia este e outros sonetos de Pedro II do Brasil em Poetris.

I – Ă€ Morte Do PrĂ­ncipe D. Pedro

Pode o artista pintar a imagem morta
Da mulher, por quem dera a prĂłpria vida.
Ă€ esposa que a ventura vĂŞ perdida
Casto e saudoso beijo inda conforta.

A imitar-lhe os exemplos nos exorta
O amigo na extrema despedida…
Mas dizer o que sente a alma partida
Do pai, a quem, oh Deus, tua espada corta.

A flor de seu futuro, o filho amado;
Quem o pode, Senhor, se mesmo o Teu
SĂł morrendo livrou-nos do pecado,

Se a terra Ă  voz do GĂłlgota tremeu
E o sangue do Cordeiro Imaculado
Até o próprio céu enegreceu!

Ingratos

NĂŁo maldigo o rigor da inĂ­qua sorte,
Por mais atroz que fosse e sem piedade,
Arrancando-me o trono e a majestade,
Quando a dous passos sĂł estou da morte.

Do jogo das paixões minha alma forte
Conhece bem a estulta variedade,
Que hoje nos dá contĂ­nua f’licidade
E amanhã nem — um bem que nos conforte.

Mas a dor que excrucia e que maltrata,
A dor cruel que o ânimo deplora,
Que fere o coração e pronto mata,

É ver na mão cuspir a extrema hora
A mesma boca aduladora e ingrata,
Que tantos beijos nela pôs — outrora.

O Beija-Flor

NOTA: Tradução do poema “Le Colibri”, de Leconte de Lisle

O verde beija-flor, rei das colinas,
Vendo o rocio e o sol brilhante
Luzir no ninho, trança d’ervas finas,
Qual fresco raio vai-se pelo ar distante.

Rápido voa ao manancial vizinho,
Onde os bambus sussurram como o mar,
Onde o açoká rubro, em cheiros de carinho,
Abre, e eis no peito Ăşmido a fuzilar.

Desce sobre a áurea flor a repousar,
E em rósea taça amor a inebriar,
E morre nĂŁo sabendo se a pode esgotar!

Em teus lábios tão puros, minha amada,
Tal minha alma quisera terminar,
SĂł do primeiro beijo perfumada!